segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Violencia no Brasil? Não apenas, mas na Bahia!


07/02/2011
 às 15:38

Beira-Mar: ainda no comando de um negócio milionário. E agora é candidato a acadêmico também!

Prender bandido é garantia de que ele pare de molestar a sociedade? Não é, não! Também é preciso haver leis e procedimentos que o impeçam de continuar na atividade criminosa. A VEJA desta semana traz na capa, sobre a foto de Fernandinho Beira-Mar, as palavras: “Preso e ainda no comando”. Reportagem de Laura Dinis demonstra que Beira-Mar, chefão do Comando Vermelho, trancafiado há mais de 10 anos em presídio de segurança máxima, continua a ser o mais poderoso líder do tráfico de drogas no país. De sua cela, informa Laura, manda comprar e vender droga, seqüestrar e matar. Tudo isso com direito a Rivotril, para não ter insônia, creme de barbear especial e, claro!, visita íntima — ao menos até a mulher, Jaqueline, ser presa.
Está no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Brechas legais permitem que continue a traficar droga do Paraguai para o Brasil. Também ele, a exemplo de Marcola, do PCC, é candidato a bandido intelectual. Já leu mais do que alguns professores da USP, que não pegam num livro nem sob ameaça de Regime Disciplinar Diferenciado. Leiam um trecho da reportagem:
“Em Catanduvas, onde se encontra desde o ano passado, Beira-Mar, quando não está ocupado com os negócios nem ordenando quebra de cadeias (como fez em Bangu l, em 2002) ou ataques de vandalismo (como os que resultaram no incêndio de 96 carros no Rio em 2010), recebe advogados e visitas da irmã Alessandra. Também lê bastante. Entre novembro e dezembro, dedicou seu tempo a seis volumes: “Lições Preliminares de Direito, de Miguel Reale; “1822″, de Laurentino Gomes; “Uma Breve História do Século XX”, de Geoffrey Blainey; “História do Brasil - Uma Interpretação”, de Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota; “A Montanha e o Rio”, de Da Chen; e “Praticando o Poder do Agora”, de Eckhart Tolle. Neste ano, planeja voltar a estudar. Ele decidiu fazer um curso por correspondência sobre execução penal pela Faculdade Internacional de Cursos Livres e já está com o primeiro livro na cela.
O traficante sabe que, ao menos nos próximos vinte anos, continuará vendo o sol nascer quadrado. Diante do fato consumado, esforça-se para viver da melhor forma possível dentro da estrutura que montou - e que, além de casa, comida e roupa lavada, inclui poder e dinheiro. Nada mau para um bandido. Já para a sociedade, não seria exagero dizer que tanto faz Beira-Mar preso como Beira-Mar livre. O mal que ele produz, até agora, o estado foi incapaz de aprisionar.”
Leiam a íntegra da reportagem na VEJA desta semana. É impressionante!
Por Reinaldo Azevedo



07/02/2011
 às 22:16

A espantosa violência na Bahia. Alguém está surpreso? Não os leitores deste blog!

Como muitos de vocês devem ter visto, houve 25 assassinatos em Salvador neste fim de semana. Alguém está surpreso? O índice de homicídios da cidade é de 61 por 100 mil. Um escândalo! Em São Paulo, a maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo, está abaixo de 10, o que caracteriza, segundo a Organização Mundial da Saúde, violência não-epidêmica. Alguém está surpreso com o que acontece na Bahia?  Os leitores deste blog não estão.
Em abril do ano passado, foram divulgados os dados sobre o Mapa da Violência, com índices de homicídio de todas as capitais entre 1997 e 2007. Escrevi largamente a respeito. Com os dados do mapa, eu mesmo me encarreguei de fazer um cruzamento, que deu um trabalhão filho da mãe: a evolução dos índices entre 2002 (último ano do governo FHC) e 2007. Revejam a tabela. Volto em seguida.
tabela-homicidios4
A Bahia tinha, em 2002, 13 homicídios por 100 mil habitantes; em 2007, já eram 25,7 — um salto de 97%! Houve aumento significativo de homicídios em sete dos nove estados do Nordeste. Escrevi então:
O trabalho não faz o cotejamento dos números de 2002 com os de 2007 — os últimos disponíveis. Esse cruzamento é meu, extraído do quadro geral que traz dados desde 1997. Já há, pois, uma série histórica de dez anos. Sim, fiz tal comparação porque quis saber o que aconteceu com o número de homicídios em cinco anos de governo Lula, aqueles da grande revolução como “nunca antes na história destepaiz”. Escolhi tal cruzamento de dados também porque o presidente da República já disse em mais de uma oportunidade que prefere fazer escolas a fazer presídios, como se fossem coisas excludentes ou permutáveis. Não só isso: já afirmou que o que faltou ao bandido foi oportunidade, por culpa, claro!, de todos os governos que o antecederam.
Vejam lá a última linha da tabela. Entre 2002 e 2007, houve uma queda de 11,57% no número de homicídios por cem mil habitantes. QUEM PODE SE ORGULHAR DISSO? RESPONDO: SÃO PAULO!!!
Distribuição de renda e violência
Vejam a tragédia da violência no Nordeste. Dos nove estados, houve uma pequena redução de homicídios em Pernambuco (embora os números do Estado sejam escandalosos) e no Sergipe. Nos demais, o número de homicídios teve um aumento brutal. Na Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas, o crescimento é escandaloso. Das 27 unidades da federação, houve uma redução - no mais das vezes, pequena - em apenas 12.
Então a economia não cresceu no período, especialmente no Nordeste? Não é esta a região que concentra hoje o maior número de beneficiários do Bolsa Família? Há dados que chegam a ser desmoralizantes para os trouxas que pretendem vincular maior crescimento da economia e maior assistencialismo à redução da violência.
Peguemos o caso da Bahia entre 1997 e 2002, aquele tempo em que, segundo Lula, não havia Brasil. Em 1997, o estado teve 15,5 mortos por 100 mil; em 2002, 13. Redução de 16%. Durante a revolução lulista, o número saltou para 25,7 por 100 mil: aumento de 97,7%!!! Será que o crescimento e o assistencialismo fazem crescer o número de homicídios? Ora, não sejamos estúpidos!
Os números demonstram de forma cabal que não há uma relação de causa e efeito entre crescimento e distribuição de renda e violência - e o homicídio é certamente a sua pior manifestação não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo

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