quarta-feira, 6 de abril de 2011

Costa do Marfim e a ONU


06/04/2011
 às 6:29

A ONU esculhambou de vez!

A ONU já não era grande coisa. Agora esculhambou de vez. A única coisa boa disso é ver o Arnaldo Jabor feliz na televisão — se os inimigos da nova ordem global não estiverem sob bombardeio, ele fica abúlico, fala mal do Bush e anuncia o apocalipse!
Olhem aqui: as forças de Laurent Gbagbo, presidente de fato da Costa do Marfim, um facínora que se nega a sair do poder, foram bombardeadas ontem pela… ONU!!! Objetivo? Fazer o que for possível, como no caso da Líbia, para “proteger civis”. Até se poderá dizer que a situação é um pouquinho diferente. Gbagbo perdeu as eleições para o  facínora da oposição, Alassane Ouattara, e deveria ter deixado o poder em dezembro, mas se nega.  Na Líbia, ninguém foi eleito, né? Nem Kadafi nem seus adversários.
Quattara fez o quê? Pressão internacional, mobilização, denúncia à ONU? Não! Armou suas milícias e foi à luta. Até aí, dirá o leitor crédulo, tudo para defender a democracia. Só que foi massacrando civis pelo caminho, partidários de Gbagbo, que também massacra os civis adversários, entendem?
Aí a ONU foi lá “proteger civis”, e os capacetes azuis mandaram bomba nos facínoras de Gbagbo, abrindo caminho para os facínoras de Quattara. E foram os franceses que mais gostosamente botaram pra quebrar — sob o mandato das Nações Unidas, eles destacam. Sarkozy deve estar, assim, com um certo banzo dos gloriosos tempos da Argélia, quando a França explicava por A + B quanto valia o Iluminismo… Saibam que boa parte das modernas táticas de tortura em interrogatório foi desenvolvida por franceses , testando-as em argelinos, enquanto os torturadores cantavam A Marselhesa, aquele banco de sangue em versos… A propósito: a Costa do Marfim era colônia francesa: “Deixa com a gente!”
Não dá! A ONU, agora, passou a ser uma força de intervenção em guerras civis. “Ué, mas ela não manda tropas sempre que necessário?” Sim, mas não para fazer o que está fazendo na Líbia ou na Costa do Marfim, apoiando, nos dois casos, um dos lados, também dado a matar os civis que a entidade deveria proteger. A própria Unicef, órgão da ONU, acusa os dois rivais de usarem até crianças nos combates. Mas Barack Obama, o Magnífico, e Sarkozu,  megalonanico da França, em nome daz paz, escolheram o seu bandido de estimação.
Por Reinaldo Azevedo



Costa do Marfim

Costa do Marfim (em francês Côte d'Ivoire) é um país africano, limitado a norte pelo Mali e pelo Burkina Faso, a leste pelo Gana, a sul pelo Oceano Atlântico e a oeste pela Libéria e pela Guiné. Sua capital é Yamoussoukro.
Denomina-se ebúrneomarfinêscosta-marfinês ou ainda costa-marfinense a quem é natural da Costa do Marfim.
Apesar de comumente se usar em português o nome Costa do Marfim, o governo marfinês solicitou à comunidade internacional em outubro de 1985 que o país seja chamado apenas por Côte d'Ivoire.
As populações indígenas estiveram política e socialmente isoladas até épocas muito recentes. Os antecessores da população atual se instalaram na área entre os séculos XVIII e XIX. Os exploradores portugueses chegaram no século XV e iniciaram o comércio de marfim e escravos do litoral. No século XVII estabeleceram-se diferentes Estados negros, entre os quais se destacou o dos baules por suas atividades artísticas. No final do século, os franceses fundaram os entrepostos de Assini e Grand-Bassam e, no século XIX, celebraram uma política de pactos com os chefes locais com o objetivo de estabelecer uma colônia. Em 1887 iniciou-se a penetração para o interior. A região se tornou uma colônia autônoma em 1893. Em 1899, passou a fazer parte da Federação da África Ocidental Francesa. A ocupação militar ocorreu entre 1908 e 1918, enquanto se construía a linha férrea entre o litoral e Bobo-Dioulasso, hoje pertencente a Burkina Faso.
Em 1919, a parte norte da colônia se tornou independente. Abidjan permaneceu sob jurisdição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, embora a França estivesse ocupada pelos alemães. Em 1944, foi criado o Sindicato Agrícola Africano, que deu origem ao Partido Democrático da Costa do Marfim (Parti Démocratique de la Côte d'Ivoire). Entre 1950 e 1954, foi construído seu porto. Em 1958, foi proclamada a República da Costa do Marfim, como república autônoma dentro da Communauté française (Comunidade Francesa) e, em 1960, alcançou a independência plena.
Foi eleito presidente Félix Houphouët-Boigny, líder do Parti Démocratique de la Côte d'Ivoire -- Rassemblement Démocratique Africain, até 1990 foi a única agremiação política legal no país. Com um alinhamento político pró-ocidental, a Costa do Marfim esteve em foco na década de 1970, ao tentar intervir pela via das negociações na resolução do apartheid na África do Sul.
As eleições de 1990, a primeira em que houve uma disputa real pelo poder, foram disputadas por todos os partidos políticos já legalizados, tendo o presidente Houphouët-Boigny sido reeleito para um sétimo mandato. Também em 1990 o Papa João Paulo II visitou a Costa do Marfim, onde consagrou, em Yamoussoukro, uma suntuosa basílica, oficialmente construída às expensas do presidente. Houphouët-Boigny, apesar de numerosas tentativas de golpes de estado e da instabilidade social provocada por crises econômicas, manteve-se no poder desde a independência até dezembro de 1993, quando faleceu.
O antigo presidente da Assembléia Nacional (Parlamento), Henri Konan Bedié, assumiu a presidência da República em 1993 e foi confirmado no cargo em 1995. No dia 24 de dezembro de 1999, um golpe de Estado, comandado pelo general Robert Guel (Robert Guéï), destituiu o presidente Konan Bedié, que se refugiou na Embaixada da França e depois no Togo. O general Guel convocou todos os partidos políticos para formarem um governo de transição e prometeu que o retorno à democracia seria rápido. Esse foi o primeiro golpe de estado no país desde a sua independência em 1960.
Robert Guéï foi assassinado durante um levantamento encabeçado pelo Movimento Patriótico da Costa do Marfim em 2002. Foi sucedido por Laurent Gbagbo.
A Costa do Marfim desempenha importante papel na África e dentro da Entente.
Guerra civil da Costa do Marfim (2002-2004): O norte se rebelou. 10.000 boinas azuis da ONUCM (Força de Paz da ONU na Costa do Marfim), dentre os quais 4600 soldados franceses da Licorne (operação militar francesa para a Costa do Marfim) foram posicionadas entre os beligerantes.
76% da população é cidadã da Costa do Marfim e fala, predominantemente, francês. Desde que se estabeleceu como uma das economicamente mais prósperas nações de África ocidental que cerca de 20 % da sua população consiste em trabalhadores da vizinha LibériaBurkina Faso Guiné. Este fato tem originado permanentemente uma tensão crescente em anos recentes, principalmente devido ao fato de que grande parte destes trabalhadores são muçulmanos, enquanto que a população natural da Costa do Marfim é, essencialmente Cristã (principalmente católica romana) e animista. Ainda que não totalmente branca, 4% da população é de origem não africana. Há muitos descendentes de libaneses, cidadãos francesesbritânicos, e espanhóis. Há ainda uma minoria de missionários protestantes norte-americanos e canadianos. Ultimamente, cerca de 50 000 franceses e outros europeus têm saído da Costa do Marfim devido a fortes tensões sociais incitadas pelas forças revolucionárias locais que clamam ser contra a ocupação estrangeira em seu território, especialmente contra os franceses.
A economia da Costa do Marfim é baseada no cultivo principalmente do cacau, ele é um dos maiores exportadores do mundo, mas a divida desse pais chega a quase 15.608 milhões o país também atualmente chega a ser o maior exportador de óleo de palma (256 mil toneladas) - e o terceiro produtor de algodão (106 mil toneladas de fibras - 1995). As produções de borracha (83 mil toneladas - 1995) e de copra (43 mil toneladas - 1995), inexistentes antes 1960, bem como as lavouras de abacaxi (170 mil toneladas - 1995), bananas (211 mil toneladas - 1995) e açúcar (125 mil toneladas - 1995), se tornaram itens importantes da balança comercial. A recuperação do setor de madeira, que, em 1988, correspondia a um terço da receita de exportação, é mais recente.
No setor da pecuária e diante do problema de abastecimento em proteínas animais, a Côte d’Ivoire é obrigada a importar grandes quantidades de carne. Portanto, um amplo programa visando a desenvolver o potencial nacional foi lançado.
A economia também é baseada nas 1.600 indústrias do país, no total em todos os setores são 2.283 empresas privadas e 140 em que o estado é acionista majoritário. 74% das empresas se encontram na região de Abidjã, 4% em Bouaké e 2% em San Pedro, 20% em outras regiões. O sistema bancário marfinense é um dos mais desenvolvidos da África. Ele é composto de um banco de desenvolvimento, de dezesseis bancos comerciais, de uma dezena de representações internacionais e de dezesseis estabelecimentos financeiros. A Côte d’Ivoire pertence à “zona franca”, institucionalizada pela União Monetária Oeste Africana. Os sete estados membros (BeninBurkina Faso, Côte d’IvoireMaliNígerSenegal Togo) entregaram a emissão da moeda, o Franco CFA, e de maneira geral, as suas políticas monetárias a uma instituição, o Banco Central dos Estados da África do Oeste, cuja sede fica em Dacar (Senegal).
A Costa do Marfim é o maior produtor e exportador de cacau do mundo. Entre os principais produtos de exportação estão: bananaabacaxicafé e, até a segunda metade do século XX, era o maior explorador de marfim, daí o nome do país.

Nos trilhos

Por: Merval Pereira

O relatório final da Polícia Federal sobre o mensalão, que está na mesa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pode ser a peça que faltava para que a denúncia criminal seja feita antes de agosto, quando prescreve o crime de formação de quadrilha contra os 38 acusados do processo. O que impede a prescrição é a denúncia, que tem que ser feita pelo Ministério Público através do procurador-geral da República.

O relatório, fruto de seis anos de investigações, recoloca as coisas em seus devidos lugares e enterra a tentativa em curso de desqualificar o processo que foi acolhido pelo Supremo e tem uma novidade explosiva que, mais uma vez, leva o mensalão para dentro da campanha presidencial de Lula em 2002.

O ex-segurança e amigo de Lula, Freud Godoy - envolvido também no caso dos aloprados da campanha de 2006, apanhados tentando comprar um dossiê contra os candidatos tucanos - confessou à Polícia Federal que recebeu R$ 98,5 mil do esquema ilegal como pagamento pelos serviços de segurança prestados na campanha de 2002 e durante o período de transição, entre a vitória na eleição e a posse de Lula na Presidência.

Em 2005, quando estourou o caso do mensalão com a denúncia do presidente do PTB, o então deputado Roberto Jefferson, houve um momento decisivo na CPI que apurava os desvios.

Foi quando o marqueteiro Duda Mendonça confessou que recebeu parte do pagamento pela campanha presidencial de Lula em uma conta no exterior, dinheiro do esquema montado pelo empresário Marcos Valério que acabou conhecido como mensalão.

Não foram poucos os petistas que consideraram que ali havia chegado o fim da linha para o partido e o próprio governo, apanhados em falcatruas diversas.

O uso de dinheiro ilegal para pagamento da campanha presidencial tipificava crime de responsabilidade pelo presidente da República, pois o pagamento fora feito já com Lula no Planalto, e chegou-se a falar na oposição de pedido de impeachment contra o presidente.

Naquele momento delicado, os principais assessores de Lula chegaram a analisar, segundo depoimento do então secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho, a hipótese de o presidente Lula não concorrer à reeleição.

Os então ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos,chegaram certa vez a sugerir ao presidente Lula que fizesse um acordo com a oposição: em troca de poder cumprir todo o seu mandato, abriria mão da reeleição.

Há relatos de que Márcio Thomaz Bastos chegou a procurar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para tentar um acordo nesse sentido.

A oposição, no entanto, temia uma reação dos chamados "movimentos sociais", e o próprio Fernando Henrique alertou para o perigo de se criar um "Getulio vivo" com a deposição de Lula.

Chegaram à conclusão de que seria melhor deixá-lo "sangrando" até o fim do governo, certos de que ele seria derrotado na reeleição, um erro de cálculo grosseiro, como se pode constatar.

Agora, está comprovado que outro componente importante do esquema pessoal de Lula na campanha presidencial também recebeu dinheiro do que ficou conhecido como valerioduto, esquema de uso de dinheiro público montado por Marcos Valério para comprar apoio no Congresso ao governo Lula e locupletar os dirigentes petistas.

O relatório da PF traz mais provas confirmando o que já está no processo do Supremo: a maior parte do dinheiro para compra de políticos tinha como origem o fundo Visanet do Banco do Brasil.

A Polícia Federal também conseguiu provar que o banqueiro Daniel Dantas cedeu à chantagem do PT, depois de uma reunião com o então chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, e se comprometeu a dar uma "ajuda financeira" ao partido no valor de US$ 50 milhões, dos quais pelo menos R$ 3,6 milhões teriam sido repassados ao publicitário pouco antes de estourar o escândalo.

As novas provas da Polícia Federal servem para esvaziar a tentativa de refazer a história que estava em curso pelo PT, com a ajuda pessoal do ex-presidente Lula.

A indicação do deputado João Paulo Cunha, um dos mensaleiros, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados faz parte dessa manobra petista, que visava a constranger o Supremo no julgamento do mensalão que se avizinha, tratando os acusados como virtualmente absolvidos.

O ex-presidente Lula, que em 2005 fez um discurso à nação dizendo-se traído, tem se dedicado nos últimos anos a tentar apagar da História do país o maior escândalo de corrupção já registrado, alegando que se tratou de uma tentativa de golpe para tirá-lo do governo.

Ainda na Presidência, Lula recebeu no Palácio o ex-ministro José Dirceu, acusado pelo procurador-geral da República de ser o "chefe da quadrilha" do mensalão. Dirceu saiu alardeando que Lula se dedicaria, quando deixasse a Presidência, a esclarecer "a farsa" do mensalão para provar que ele não passara de um golpe político.

O próprio Lula, na campanha do ano passado, usou o palanque em que fazia a defesa da candidatura Dilma para acusar: "Mais uma vez (sic) se tentou truncar o mandato de um presidente democraticamente eleito".

Também o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, expulso do partido ainda em 2005, e o ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira, que pediu desfiliação na mesma época para evitar a expulsão, estão querendo que a direção partidária reconsidere suas situações.

Silvinho, como era conhecido, já não está mais entre os acusados pelo mensalão no processo do Supremo: através de um acordo com a Procuradoria Geral da República, aceitou fazer 750 horas de serviços comunitários em três anos, numa aceitação de culpa.

O crime de que ele era acusado, o de formação de quadrilha, pode prescrever ainda em agosto deste ano caso a condenação venha a ser de apenas um ano. Outras nove pessoas, entre elas, José Dirceu, estão acusadas nesse crime e podem ser beneficiadas pela prescrição.

O relatório final da Polícia Federal pode ajudar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a fazer a denúncia criminal antes de agosto ou então fortalecer a convicção dos juízes do Supremo, justificando uma eventual condenação pelo Supremo Tribunal Federal a pena maior que um um ano, o que anularia a prescrição.

Libia, OTAN e os Fundamentalistas Islamicos


01/04/2011
 às 20:55

Impasse na Líbia entre assassinos e patetas

O jornal britânico The Guardian informa que prosseguem as conversações entre representantes do regime de Muamar Kadafi e as potências ocidentais para tentar encontrar alguma solução para o conflito na Líbia. Ati Addul al-Obeidi, ex-primeiro-ministro e um dos negociadores de Kadafi, admitiu os esforços ao Canal 4.  Ontem, o jornal já havia informado que Mohammed Ismail, assessor de Saif al-Islam, o filho mais articulado de Kadafi e que serviu de porta-voz do pai junto ao Ocidente, havia se encontrado na quarta, em Londres, com autoridades britânicas.
A disposição para o diálogo, informa o jornal, se mostrou depois que a ONU enviou um representante a Benghazi para tentar negociar as condições de um cessar-fogo também com os rebeldes. Leiam isto:
“Nós estamos dispostos a um cessa-fogo desde que os nossos irmãos do Leste [as cidades sob o comando de Kadafi] tenham  liberdade de expressão e também desde que as forças [de Kadafi] que sitiam as cidades se retirem. Nosso objetivo é libertar e ter a soberania de toda a Líbia”.
Essas palavras são de Mustafa Abdul Jalil, um dos líderes rebeldes.
Muito bem! Como as palavras fazem sentido, o que o líder rebelde está pedindo é que Kadafi abra mão do seu único trunfo, já que se trata de uma guerra civil. Isso não é condição para cessar-fogo, mas exigência de rendição a quem está vencendo a guerra no momento. Kadafi vai perder? Vai! Para os EUA, França e Grã-Bretanha, não para os rebeldes.
Mussa Ibrahim, o porta-voz do governo, afirmou que as forças de Kadafi não deixarão as suas posições: “Eles estão nos pedindo para sair das nossas próprias cidades… Se isso não é loucura, não sei o que é. Somos nós o governo, não eles”. E lembrou  que, na semana passada, os rebeldes chegaram às portas de Sirte, avançando “por quase 600 km, sob a cobertura aérea da coalizão”. E emendou: “Se nosso Exército seguir por um quilômetro, denunciam o fato como um desastre e um crime”.
Até o porta-voz de um regime historicamente assassino pode ter razão quando enfrenta um bando de patetas. É impressionante! Tentem matar Kadafi logo de vez e parem de conversa!
Por Reinaldo Azevedo





03/04/2011
 às 7:19

Como dar um apoio entusiasmado àquilo que nos destrói. Ou: Não contem para o Jabor!

Ai, ai…
A Otan se atrapalhou ao impor a “zona de exclusão aérea” e, supondo que alvejava forças terrestres de Kadafi, acabou matando um grupo de rebeldes. Vocês certamente leram a respeito. Isso aconteceu no meio do deserto. Imaginem o que não se dá com civis num bombardeio “cirúrgico”, no meio de Trípoli… Eu sei que há erros em guerras, os danos colaterais etc. Mas, que eu saiba, ninguém declarou guerra à Líbia. Trata-se de uma operação para proteger civis, certo? Obama já vai deixando a categoria do patético para se tornar um líder grotesco. Não por causa do erro da Otan em si, claro!
Vamos ali pro Afeganistão e depois voltamos à Líbia. Mais nove pessoas morreram ontem nos protestos contra os EUA. Seriam uma reação à queima de um exemplar do Corão promovida pelos pastores Wayne Sapp e Terry Jones. Uma ova!!! Nego-me a tratar as coisas dessa maneira porque isso significaria considerar que aquela gente está apenas “reagindo” a uma agressão, como se os dois fossem os reais responsáveis pelos atos terroristas. Não!
Isso é análise política à moda Arnaldo Jabor, segundo quem Bush é só um Osama Bin Laden cristão. Obama, não! Obama é um Kant tentando articular a paz perpétua global. Santo Deus! Os tais pastores são delinqüentes, cretinos, idiotas, vagabundos, irresponsáveis, primitivos, toscos, canalhas? Cada um escolha o xingamento que quiser. Ou todos. Mas quem promoveu os atos extremistas no Afeganistão foi o Taliban, não eles. Nos EUA, é permitido queimar a Bíblia, o Corão, a bandeira americana, a Playboy…  Como vimos ontem, é permitido até agradecer a Deus pela morte de soldados americanos no… Afeganistão! E não precisa ser muçulmano para isso. Os lunáticos que o fazem se dizem cristãos!
CERTAMENTE NÃO É A MELHOR COISA A SE FAZER COM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E COM A LIBERDADE RELIGIOSA. MAS JUSTAMENTE PORQUE EXISTE A LIBERDADE DE SE FAZER O PIOR, NÃO EXISTE UM ESTADO QUE OBRIGA A FAZER O MELHOR.
Quem não entende o sentido do que vai acima em negrito e maiúsculas — GRITADO, diriam alguns — não sabe o que é democracia. Isso vale nos EUA, no Brasil e, tomara!, valerá um dia no Afeganistão! Se é que eles vão aprender alguma coisa com o Ocidente. Por enquanto, parece que há gente no Ocidente querendo aprender com eles.
No dia em que o Brasil ou os EUA proibirem manifestações como essa, por mais estúpidas que sejam — ou em que só se puderem emitir as opiniões consideradas honradas e boas —, Brasil e EUA estarão mais próximos do que há de pior no Afeganistão, mas o Afeganistão não estará mais próximo do que ainda restar de melhor no Brasil e nos EUA…
São dias estúpidos!
A patrulha politicamente correta tenta nos deixar um pouco mais parecidos com o Afeganistão e se esforça para ignorar as evidências de que a “Primavera Árabe” pode ser apenas o início de um tenebroso inverno. Encerro reproduzindo um trecho da reportagem de VEJA desta semana, de Diogo Schelp, intitulada “Uma causa suspeita”. Leiam com atenção. Mas escondam do Clóvis Rossi ou do Jabor. Ou  o primeiro escreve mais um artigo defendendo um pouco mais de “utopia” no mundo, e o segundo faz uma metáfora nova.
(…)
O governo americano enviou espiões da CIA à Líbia para descobrir quem são, afinal de contas, os rebeldes líbios. Em depoimento ao Senado, o almirante James Stavridis, comandante militar da Otan, deu uma pista: segundo ele, há informações de que membros da rede terrorista Al Qaeda e do grupo libanês Hezbollah estão participando do levante. Outras organizações radicais muito populares entre os habitantes do leste do país, onde se iniciou o movimento anti-Kadafi, são o Grupo Islâmico de Combate Líbio, cujos integrantes lutaram contra os Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, e a Irmandade Muçulmana, com raiz no Egito. No início de março, a reportagem de VEJA visitou um hospital da Irmandade Muçulmana, no Cairo, e encontrou oito rebeldes líbios recebendo atendimento gratuito para cuidar de ferimentos de combate. Em fevereiro, Yusuf ai Qara-dawi, guia espiritual da Irmandade Mu çulmana, decretou uma fatwa obrigando qualquer soldado líbio a matar Kadafi, se surgir a oportunidade - um indício de que o grupo islâmico espera obter dividendos políticos com a que da do ditador.
A Al Qaeda é mais explícita. Na semana passada, o clérigo americano Anwar ai Awlaki, integrante do grupo terrorista no lêmen, divulgou um artigo na internet em que comemorava o fato de os governos do Ocidente não estarem dando a devida atenção à intensa participação de jihadistas nas manifestações que incendeiam o Oriente Médio desde o início do ano. Awlaki deixou claro que os defensores da criação de estados islâmicos só têm a ganhar com o fato de que, na atual fase dos protestos, haja muçulmanos com idéias seculares que conseguem convencer o Ocidente do caráter democrático dos levantes árabes. A Otan, portanto, está dando apoio militar na Líbia a  inimigos do Ocidente. Falta descobrir se eles compõem 5%, 50% ou 99% das fileiras rebeldes.
Por Reinaldo Azevedo



03/04/2011
 às 17:35

É para estes civis que Barack Obama, que veio nos livrar das garras de Bush, quer fornecer armas!!!

Al-Zwei (esq.) e Al-Madhouni, veteranos da guerra afegã: levando "democracia" para a Líbia (foto: Lourival Sant'Anna)
Al-Zwei (esq.) e Al-Madhouni, veteranos da guerra afegã: levando "democracia" para a Líbia (foto: Lourival Sant'Anna)
É, foi difícil - está sendo… -, mas, aos poucos, a imprensa mundial, também a brasileira, vai descobrindo que há mais mistérios na “Primavera árabe” do que a mobilização pelo Facebook. Essa besteira, aliás, entrará para a História Universal do Cretinismo. Como sabem, desde o primeiro dia, eu indagava sobre a Líbia: “De onde apareceu tanto fuzil nas mãos de civis benignos?” Ou: “De onde apareceu tanta caminhonete?”. Ou ainda: “De onde apareceu tanta bateria antiaérea?” Sem pôr os pés de Benghazi - no máximo, fui até padaria comprar cigarros, o que é errado, eu sei -, andei fazendo aqui alguns questionamentos. Acusaram-me até de ser simpático a Muamar Kadafi, o amigo, irmão, camarada de Lula! Eu, hein!!!
Escrevi a respeito num post desta manha. O Estadão traz uma hoje matéria muito interessante de Lourival Sant’Anna, que está na Líbia. Ele fala com dois “civis” que estão lutando contra Kadafi. Leiam trecho. E não se esqueçam: é pra essa turma que Barack Obama, aquele que veio para livrar o mundo das garras do terrível George Bush, quer fornecer armas e treinamento.
*
Os combatentes rebeldes são chamados de “shebab”, que em árabe significa jovens. A maioria deles não passa disso: jovens idealistas, muitos universitários de classe média, cujos pais bem relacionados os pouparam até do serviço militar obrigatório e, por isso, nunca pegaram em uma arma antes. Quando os foguetes começam a cair perto deles, sobem no carro e fogem apavorados.
Em contraste, há um pequeno grupo de homens na casa dos 40 anos, de barba espessa, rostos enrugados e olhar de quem já viu outras guerras. Eles avançam sob a barragem de foguetes sentados nos bancos de suas peças de artilharia montadas sobre carrocerias de caminhonetes, disparando os canhões de 14,5 ou 23 milímetros e gritando: “Allah-u-akbar”, (Deus é grande). Eles não têm medo da morte, suas armas não são páreo para os foguetes das brigadas de elite de Muamar Kadafi, mas sabem o que estão fazendo.
São líbios veteranos do Afeganistão, que agora lutam a jihad em seu próprio país, depois de terem passado parte de sua vida no exílio ou na temida prisão de Abu Salim, em Trípoli, que Kadafi reserva aos dissidentes. São os homens do Al-Jamaa al-Islamiya al-Mokatila, ou Movimento Combatente Islâmico, que está na lista da ONU de organizações terroristas internacionais e é considerada, no Ocidente, a filial da Al-Qaeda na Líbia.
Dois de seus líderes voltaram do exílio recentemente e concordaram em falar ao Estado, em sua primeira entrevista na Líbia, e também a primeira em que deram seus nomes e se deixaram fotografar. “Chega de nomes de guerra”, disse Abdul Manem al-Madhouni, de 41 anos, no único momento em que quase esboçou um sorriso. “Está tudo acabado”, completou, referindo-se a Kadafi, que foi alvo de quatro tentativas de assassinato do Al-Mokatila, entre 1994 e 1997, uma vez por ano.
O ditador reprimiu violentamente o movimento, com o objetivo de esmagar qualquer organização opositora. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o ditador passou a usar a repressão em favor de sua reabilitação no Ocidente, assumindo o papel de dique contra a expansão da Al-Qaeda no Norte da África.
Exílio iraniano. Al-Madhouni voltou do Irã, onde viveu nos últimos nove anos e meio - sete anos e meio dos quais em prisão domiciliar, de acordo com ele por ter entrado ilegalmente no país, vindo do Afeganistão, no calor dos atentados de 11 de Setembro.
Abdullah Mansour al-Zwei, de 42 anos, hesita em dar seu nome, porque pretende voltar à Grã-Bretanha, onde se exilou depois do atentado ao World Trade Center, também vindo do Afeganistão e do Paquistão. No entanto, acaba cedendo. “Esse é o meu nome verdadeiro, não como sou conhecido lá.” Ambos são do conselho de 12 integrantes que dirige o movimento. Eles foram para o Afeganistão em 1989, quando tinham cerca de 20 anos, para lutar na jihad contra os invasores soviéticos, no fim da guerra que durou dez anos.
Al-Maddhouni e Al-Zwei chegaram ao Afeganistão alguns meses antes da criação da Al-Qaeda. Admitem que conviveram com Osama bin Laden e lutaram lado a lado com ele. “Viajei com Bin Laden de Jeddah, na Arábia Saudita, para o Paquistão”, recorda Al-Zwei, que estudou teologia islâmica na cidade saudita de Medina. “Ele era um homem normal, apenas rico, que ajudava as famílias dos combatentes.”
Lista do terrorA Al-Qaeda seria formada meses depois, com esse propósito. “Nós rezávamos do lado dele na mesquita, como qualquer outro”, completa Al- Maddhouni, que estudou teologia e assuntos militares tanto no Paquistão como no Afeganistão.
Eles dizem que se reuniram “muitas vezes” com Bin Laden, “todas antes do 11 de Setembro”. Segundo contam, eles não se aliaram à Al-Qaeda porque consideravam que deviam concentrar sua luta na Líbia, e não abraçar a causa contra os Estados Unidos. Após a derrota dos soviéticos, ambos continuaram por mais 12 anos no Afeganistão, onde tinham campo de treinamento, armas e segurança. Aqui
Por Reinaldo Azevedo



03/04/2011
 às 17:59

Os fundamentalistas islâmicos aprenderam que, com o discurso da moderação, terão os aviões de Obama para ajudá-los a chegar ao poder

Lourival Sant’Anna, do Estadão, entrevista o xeque Mohamed Bossindra, que ficou 21 anos preso na Líbia. Foi solto num movimento de abertura política promovida por Seif al-Islam, aquele filho de Kadafi, o carequinha, que vivia dando entrevistas. Estava sendo preparado para se apresentar como a face mais limpa e moderna dos Kadafi, possível sucessor do pai, não fosse a revolta. Os eventos da Líbia, ao contrário do que dizem por aí, deixam aos demais autocratas uma mensagem terrível: “Abram o regime e vocês vão ver o que vai acontecer”…
Bossindra atua, informa Sant’Anna, como um intermediário entre os líderes laicos da “revolução” e os fundamentalistas islâmicos. Reproduzo um trecho do texto. Volto em seguida com uma questão bem interessante.
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O xeque Mohamed Bossidra tem 54 anos. Desses, passou 21 na prisão de Abu Salim, em Trípoli, entre 1989 e 2009 (sem contar outros seis meses em 1986 e três em 1987). Foram dez anos na solitária. “Sofri todos os tipos de tortura”, diz Bossidra, que foi solto como parte da suposta abertura política promovida por Seif al-Islam, filho de Muamar Kadafi, que o preparava para sucedê-lo. Agora, o xeque atua como mediador entre o Conselho Provisório Líbio, de orientação predominantemente laica, e os fundamentalistas islâmicos, unidos na luta contra Kadafi.
Bossidra pertencia ao grupo fundamentalista islâmico Tablir (Mensagem), fundado em 1926 na Índia por missionários dedicados a “conduzir os muçulmanos ao caminho da retidão”. Deixou o grupo e não aceitou cargo no governo transitório. “Agora, prefiro me apresentar como independente, para que mais pessoas ouçam meus conselhos”, disse. Como em outros países muçulmanos sob ditaduras laicas, os fundamentalistas islâmicos lutam contra o regime na Líbia. “Kadafi é a representação do mal”, define o clérigo.
O sofrimento em Abu Salim não abrandou suas convicções políticas e religiosas. Ele passou o tempo decorando o Alcorão, escrevendo quatro livros e centenas de artigos com orientação política e religiosa, passados de mão em mão entre os prisioneiros. Os diretores do presídio o mandavam para a solitária quando achavam que estava exercendo influência demais sobre os presos. À pergunta sobre como enfrentou a dor, Bossidra responde com simplicidade. “Nós muçulmanos acreditamos que só nos acontece o que tem de acontecer.”
“A sociedade líbia não se adaptaria a um regime teocrático”, afirma o xeque, ao delinear seu projeto político. “Mas defendo um Estado que obedeça aos princípios do Islã.” Ele prefere não entrar em detalhes, porque considera que o momento é de unir os líbios de todas as correntes políticas em torno do objetivo comum de derrubar Kadafi. Íntegra Aqui
VolteiLeiam, posts abaxo, uma entrevista que Duda Teixeira, da VEJA, fez com Esam El-Erian, porta-voz da Irmandade Muçulmana, do Egito. A exemplo de Bossindra, ele também quer um governo islâmico no Egito; a exemplo de Bossindra, ele também diz que a hora é de “união”; a exemplo de Bossindra, ele também não dá detalhes sobre como seria esse governo islâmico.
Os fundamentalistas aprenderam, em suma, que o discurso da moderação é o caminho mais curto para chegar ao poder. Com a ajuda dos aviões de Barack Obama, Nicolas Sarkozy e David Cameron.
Por Reinaldo Azevedo