sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


África

Insurgentes conquistam territórios de Gbagbo e deixam Costa do Marfim mais perto da guerra civil

Conflito, que já deixou 300 mortos, se intensifica e moradores fogem


Moradores do Abidjã deixam suas casas temendo conflitos
Moradores do Abidjã deixam suas casas temendo conflitos (Sia Kambou / AFP)
Os insurgentes que controlam o norte da Costa do Marfim anunciaram nesta sexta-feira ter-se apoderado de uma cidade em território controlado pelo governo, no oeste. Disseram ainda que estão se dirigindo para o sul, aumentando a possibilidade de recomeço da guerra civil no país. As localidades tomadas pelos rebeldes são pequenas e não ficam em ponto estratégico, mas o anúncio de que conquistaram território do presidente Laurent Gbagbo marca uma significativa escalada na crise. 
O conflito começou com o fim das eleições de novembro passado, quando Gbagbo se recusou a deixar o poder, apesar de seu rival, Alassane Ouattara, que tem forte apoio no norte, ter vencido as eleições. O triunfo de Ouattara nas urnas foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela comunidade internacional. Partidários do presidente, entretanto, insistem na versão de que as eleições foram fraudadas e prometem que uma eventual intervenção dos países africanos para tirar Gbagbo do poder será o estopim da guerra civil. Segundo a ONU, mais de 300 pessoas já morreram no conflito que se intensificou nesta semana.
Muitos moradores estão deixando Abidjã, a maior cidade da Costa do Marfim, diante do aumento dos confrontos entre forças governamentais e rebeldes. Na capital, Yamoussoukro, também há relatos de tiroteios. Um chefe de milícia leal a Gbagbo confirmou que a cidade de Zouan-Hounien, no oeste do país passou a ser controlada por rebeldes. "Mas estamos em vias de nos reorganizarmos (com o Exército) para retomar a cidade", acrescentou Yao Yao, chefe de operações da milícia Frente para a Liberação do Grande Oeste.
Histórico - Em dezembro de 1999, acontece o primeiro golpe de estado da Costa do Marfim, independente da França há 40 anos. O golpista Robert Guei frauda eleições e se autoproclama presidente, mas é forçado a deixar o cargo por um levante popular em 2000. É então que entra na cena política Laurent Gbagbo, trazido ao poder pelos manifestantes. Em dezembro de 2003, Gbagbo consegue dar fim a uma sangrenta guerra civil que devastava o país há quase dois anos. Como parte dos acordos de paz, concedeu a seu principal rival, o líder da força rebelde Guillaume Soro, o cargo de primeiro-ministro.
(Com Agência Reuters)
Costa do Marfim (em francês Côte d'Ivoire) é um país africano, limitado a norte pelo Mali e pelo Burkina Faso, a leste pelo Gana, a sul pelo Oceano Atlântico e a oeste pela Libéria e pela Guiné. Sua capital é Yamoussoukro.
Denomina-se ebúrneomarfinêscosta-marfinês ou ainda costa-marfinense a quem é natural da Costa do Marfim.
Apesar de comumente se usar em português o nome Costa do Marfim, o governo marfinês solicitou à comunidade internacional em outubro de 1985 que o país seja chamado apenas por Côte d'Ivoire.
As populações indígenas estiveram política e socialmente isoladas até épocas muito recentes. Os antecessores da população atual se instalaram na área entre os séculos XVIII e XIX. Os exploradores portugueses chegaram no século XV e iniciaram o comércio de marfim e escravos do litoral. No século XVII estabeleceram-se diferentes Estados negros, entre os quais se destacou o dos baules por suas atividades artísticas. No final do século, os franceses fundaram os entrepostos de Assini Grand-Bassam e, no século XIX, celebraram uma política de pactos com os chefes locais com o objetivo de estabelecer uma colônia. Em 1887 iniciou-se a penetração para o interior. A região se tornou uma colônia autônoma em 1893. Em 1899, passou a fazer parte da Federação da África Ocidental Francesa. A ocupação militar ocorreu entre 1908 e 1918, enquanto se construía a linha férrea entre o litoral e Bobo-Dioulasso, hoje pertencente a Burkina Faso.
Em 1919, a parte norte da colônia se tornou independente. Abidjan permaneceu sob jurisdição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, embora a França estivesse ocupada pelos alemães. Em 1944, foi criado o Sindicato Agrícola Africano, que deu origem ao Partido Democrático da Costa do Marfim (Parti Démocratique de la Côte d'Ivoire). Entre 1950 e 1954, foi construído seu porto. Em 1958, foi proclamada a República da Costa do Marfim, como república autônoma dentro da Communauté française (Comunidade Francesa) e, em 1960, alcançou a independência plena.
Foi eleito presidente Félix Houphouët-Boigny, líder do Parti Démocratique de la Côte d'Ivoire--Rassemblement Démocratique Africain, até 1990 foi a única agremiação política legal no país. Com um alinhamento político pró-ocidental, a Costa do Marfim esteve em foco na década de 1970, ao tentar intervir pela via das negociações na resolução do apartheid na África do Sul.
As eleições de 1990, a primeira em que houve uma disputa real pelo poder, foram disputadas por todos os partidos políticos já legalizados, tendo o presidente Houphouët-Boigny sido reeleito para um sétimo mandato. Também em 1990 o Papa João Paulo II visitou a Costa do Marfim, onde consagrou, em Yamoussoukro, uma suntuosa basílica, oficialmente construída às expensas do presidente. Houphouët-Boigny, apesar de numerosas tentativas de golpes de estado e da instabilidade social provocada por crises econômicas, manteve-se no poder desde a independência até dezembro de 1993, quando faleceu.
O antigo presidente da Assembléia Nacional (Parlamento), Henri Konan Bedié, assumiu a presidência da República em 1993 e foi confirmado no cargo em 1995. No dia 24 de dezembro de 1999, um golpe de Estado, comandado pelo general Robert Guel (Robert Guéï), destituiu o presidente Konan Bedié, que se refugiou na Embaixada da França e depois no Togo. O general Guel convocou todos os partidos políticos para formarem um governo de transição e prometeu que o retorno à democracia seria rápido. Esse foi o primeiro golpe de estado no país desde a sua independência em 1960.
Robert Guéï foi assassinado durante um levantamento encabeçado pelo Movimento Patriótico da Costa do Marfim em 2002. Foi sucedido por Laurent Gbagbo.
A Costa do Marfim desempenha importante papel na África e dentro da Entente.
Guerra civil da Costa do Marfim (2002-2004): O norte se rebelou. 10.000 boinas azuis da ONUCM (Força de Paz da ONU na Costa do Marfim), dentre os quais 4600 soldados franceses da Licorne (operação militar francesa para a Costa do Marfim) foram posicionadas entre os beligerantes.
A Costa do Marfim situa-se em plena região tropical, com o clima habitual destas zonas; a temperatura média situa-se nos 30ºC (descendo ligeiramente à noite) durante todo o ano, com exceção da estação das chuvas onde a temperatura baixa para os 25°C. Há duas estações de chuvas (de Maio a Agosto e, com menos intensidade, em Novembro). Há duas grandes zonas climáticas; no Norte a paisagem é árida sendo o clima quente e seco; o Sul é bastante úmido com vegetação muito rica.
O clima da costa do marfim é tropical, ao longo da costa é semi-árido no extremo norte, muito quente e seco, no norte durante o dia e a noite chega a quase entre 20 e 25ºC. E no sul o clima já muda, é bastante úmido, o que possibilita o cultivo de plantas.
76% da população é cidadã da Costa do Marfim e fala, predominantemente, francês. Desde que se estabeleceu como uma das economicamente mais prósperas nações de África ocidental que cerca de 20 % da sua população consiste em trabalhadores da vizinha LibériaBurkina Faso e Guiné. Este fato tem originado permanentemente uma tensão crescente em anos recentes, principalmente devido ao fato de que grande parte destes trabalhadores são muçulmanos, enquanto que a população natural da Costa do Marfim é, essencialmente Cristã (principalmente católica romana) e animista. Ainda que não totalmente branca, 4% da população é de origem não africana. Há muitos descendentes de libaneses,cidadãos francesesbritânicos, e espanhóis. Há ainda uma minoria de missionários protestantes norte-americanos e canadianos. Ultimamente, cerca de 50 000 franceses e outros europeus têm saído da Costa do Marfim devido a fortes tensões sociais incitadas pelas forças revolucionárias locais que clamam ser contra a ocupação estrangeira em seu território, especialmente contra os franceses.
A Costa do Marfim foi colonizada pela França na época em que o imperialismo se instalou sobre a África e a Ásia. Nessa época, os europeus buscavam mercado consumidor e matéria-prima para suas fábricas e para seus produtos manufaturados. Então foi feita a "Partilha da África", onde alguns países europeus dividiram a África em territórios.
A economia da Costa do Marfim é baseada no cultivo principalmente do cacau, ele é um dos maiores exportadores do mundo,mas a divida desse pais chega a quase 15608 milhões o país também atualmente chega a ser o maior exportador de óleo de palma (256 mil toneladas) - e o terceiro produtor de algodão (106 mil toneladas de fibras - 1995). As produções de borracha (83 mil toneladas - 1995) e de copra (43 mil toneladas - 1995), inexistentes antes 1960, bem como as lavouras de abacaxi (170 mil toneladas - 1995), bananas (211 mil toneladas - 1995) e açúcar (125 mil toneladas - 1995), se tornaram itens importantes da balança comercial. A recuperação do setor de madeira, que, em 1988, correspondia a um terço da receita de exportação, é mais recente.
No setor da pecuária e diante do problema de abastecimento em proteínas animais, a Côte d’Ivoire é obrigada a importar grandes quantidades de carne. Portanto, um amplo programa visando a desenvolver o potencial nacional foi lançado.
A economia também é baseada nas 1.600 indústrias do país, no total em todos os setores são 2.283 empresas privadas e 140 em que o estado é acionista majoritário. 74% das empresas se encontram na região de Abidjã, 4% em Bouaké e 2% em San Pedro, 20% em outras regiões. O sistema bancário marfinense é um dos mais desenvolvidos da África. Ele é composto de um banco de desenvolvimento, de dezesseis bancos comerciais, de uma dezena de representações internacionais e de dezesseis estabelecimentos financeiros. A Côte d’Ivoire pertence à “zona franca”, institucionalizada pela União Monetária Oeste Africana. Os sete estados membros (BeninBurkina Faso, Côte d’IvoireMaliNígerSenegal Togo) entregaram a emissão da moeda, o Franco CFA, e de maneira geral, as suas políticas monetárias a uma instituição, o Banco Central dos Estados da África do Oeste, cuja sede fica em Dacar (Senegal).
A Costa do Marfim é o maior produtor e exportador de cacau do mundo. Entre os principais produtos de exportação estão: bananaabacaxicafé e, até a segunda metade do século XX, era o maior explorador de marfim, daí o nome do país.
Futebol é o esporte mais praticado do país, a seleção marfinense de futebol se classificou para as copas do mundo de 2006 e 2010, mas não conseguiu classificação para as oitavas de final, porém, venceu a Copa das Nações Africanas de 1992 e a seleção conta com as estrelas Didier DrogbaSalomon Kalou e Kolo Touré que brilham nos principais clubes da europa. 
Rugby tem também papel de destaque na história esportiva da Costa do Marfim é um esporte bem disputado e foi introduzido no país pela colonização francesa, outros esportes ainda incluem o Basquetebol Atletismo.