segunda-feira, 9 de maio de 2011

Taliban


Taliban

Taliban (também transliterado TalebanTalibã ou Talebã, do pachto: طالبانtransl. ṭālibān, "estudantes") é um movimento fundamentalista islâmico nacionalista que se difundiu no Paquistão e sobretudo no Afeganistão, a partir de 1994, e que efetivamente governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, apesar de seu governo ter sido reconhecido por apenas três países: Emirados Árabes UnidosArábia Saudita e Paquistão. Seus membros mais influentes, incluindo seu líder, Mohammed Omar, eram simplesmente ulema (isto é, alunos e universitários) em suas vilas natais. O movimento desenvolveu-se entre membros da etnia pachtun, porém também incluía muitos voluntários não afegãos do mundo árabe, assim como de países da Eurásia e do sul e sudeste da Ásia.
É oficialmente considerado como organização terrorista pela Rússia, pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Como um movimento político e militar contra a invasão soviética do Afeganistão, os talibans são conhecidos por terem-se feitos portadores do ideal político-religioso de recuperar todos os principais aspectos do Islã (cultural, social, jurídico e económico), com a criação de um Estado teocrático.
Durante a invasão soviética do Afeganistão (1979-1989), o governo dos Estados Unidos, através da chamada Operação Ciclone, nome em código do programa da CIA, armou os mujahidins do Afeganistão. Foi uma das mais longas e dispendiosas operações da CIA jamais realizadas. Entre 1987 e 1989, os serviços secretos do Paquistão (ISI) e a CIA operavam juntas, armando as milícias taliban, que combatiam as tropas soviéticas.
Territórios controlados pelas partes em conflito em 1996: em amarelo território sob controle do Taliban.
Depois que os vários grupos de resistência contra a ocupação soviética tomaram Cabul e estabelecem um governo marcado por lutas internas e guerras civis, o Taliban surgiu como uma alternativa caracterizada pela predominância pashtun e o rigor religioso extremo, criando na população expectativas de que acabaria com o constante estado de guerra interno e os abusos dos senhores da guerra. Controlando 90% do Afeganistão por cinco anos, o regime taliban, que se chamava o "Emirado Islâmico do Afeganistão", ganhou o reconhecimento diplomático de apenas três países: PaquistãoArábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Tinham como objetivo declarado impor a lei islâmica e alcançar um estado de paz.
Muitos membros do grupo Taliban cresceram em campos de refugiados no Paquistão e foram educados em madrassas, onde também aprenderam táticas de guerrilha e prepararam a tomada de Cabul.
Subiram ao poder depois de derrotar o presidente Burhanuddin Rabbani e seu chefe militar, Ahmad Shah Massoud, tendo a capital, Cabul, em1996. Depois de ocupar a capital, assassinaram o ex-presidente comunista Mohammad Najibullah e seu irmão.
Taliban em Herat em Julho de 2001.
Depois de implementar um rigoroso regime islâmico e surpreender o mundo com algumas de suas ações mais extremas, procederam a destruição dos Budas de Bamiyan (Patrimônio da Humanidade), que depois de sobreviver quase intactos durante 1500 anos, foram destruídos com dinamite e disparos de tanques. Em março de 2001, os dois maiores Budas foram demolidos em alguns meses de bombardeio pesado. O governo islâmico do Taliban criticou a UNESCO e as ONGs do exterior pela doação de recursos para reparar essas estátuas quando há muitos problemas urgentes no Afeganistão, e decretou que as estátuas eram ídolos e, portanto, contrário ao Alcorão.
A mídia informou que o Taliban deu refúgio a Osama bin Laden. Após o ataque terrorista às Torres Gêmeas em Nova York, as forças dos EUA argumentaram que, como o Afeganistão tendo decidido não entregar Bin Laden, o país seria atacado. Assim, derrubou-se o regime taliban e favoreu-se, com o apoio de outros países, a instalação do governo liderado por Hamid Karzai.
A facilidade da derrubada do Taliban levou à tentação dos Estados Unidos de invadir o Iraque, um país designado como parte do chamado "Eixo do Mal", pelo Presidente dos EUA George W. Bush. No entanto, após a invasão do Iraque e da posterior estagnação do sucesso internacional das forças de ocupação no Iraque, o Taleban recuperou a força, obteve um certo nível de controle político e aceitação na região de fronteira com o Paquistão e iniciou uma insurgência contra os EUA e o governo afegão, constituído após as eleições gerais. Assim, utiliza-se dos mesmos métodos da resistência no Iraque, incluindo emboscadas e atentados suicidas contra as tropas ali estacionadas dos países europeus e dos Estados Unidos.
O Taliban tem se reagrupado desde 2004 e revivido como um movimento de insurgência forte, regido Pashtuns locais, empreendendo uma guerra de guerrilha contra os governos do AfeganistãoPaquistão e as tropas da OTAN, lideradas pela Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF). O movimento é composto principalmente por membros pertencentes a tribos da etnia pashtun, juntamente com voluntários de países islâmicos próximos como uzbequestadjiqueschechenosárabespunjabis e outros. Opera no Afeganistão e Paquistão, sobretudo em torno das regiões da Linha Durand. Os EUA afirmam que a sua sede é em Quetta (ou nas proximidades), no Paquistão, e que o Paquistão e o Irã fornecem apoio ao grupo, apesar de ambas as nações negarem isso.
Mulá Mohammed Omar, na clandestinidade, lidera o movimento. Comandantes originais de Omar foram "uma mistura de ex-comandantes de pequenas unidades militares e professores de madrassa", enquanto a sua linha de soldados foi composta principalmente por refugiados afegãos que haviam estudado em escolas religiosas islâmicas no Paquistão. Os talibans receberam um treinamento valioso, suprimentos e armas do governo paquistanês, em especial do Inter-Services Intelligence (ISI),  e muitos recrutas das madrasas dos refugiados afegãos no Paquistão, principalmente aqueles estabelecidos pelo Jamiat Ulema-e-Islam (JUI).
Nas línguas faladas no Afeganistão (o persa moderno e o afegão), taliban significa "estudantes", palavra emprestada da língua árabe. Os taliban pertencem ao movimento islâmico sunita Deobandi, que enfatiza a piedade, a austeridade e as obrigações familiares. Este movimento emergiu em áreas de etnia pashtun.
Algumas atividades que foram banidas do Afeganistão durante o regime Taliban:
  • leitura de alguns livros
  • portar câmeras sem licença
  • cinematelevisão, uso de videocassetes (considerados decadentes e promotores da pornografia ou de ideias não-muçulmanas)
  • uso de internet
  • música
  • artes (pinturas, estátuas e esculturas de outras religiões)
  • as mulheres só podiam sair acompanhadas de um homem
  • empinar pipas (considerado perda de tempo, além de serem usadas em rituais hindus)
  • fotografar mulheres e exibir tais fotografias
  • plantio de ópio
  • rinha de cães
  • previsão do tempo
  • Barbear-se
Apesar do regime taliban ter banido o cultivo de papoulas de ópio em fins de 1997, estima-se que o seu cultivo tenha crescido e que, em 2000, fosse responsável por 72% da produção mundial. A maior parte do ópio afegane é vendida na Europa. O cultivo de papoulas cresceu com a queda do regime taliban.
O regime taliban impedia as mulheres de trabalhar e tinha regras rígidas sobre a educação feminina. Em alguns casos, as mulheres eram impedidas de terem acesso a hospitais públicos para que não fossem tratadas por médicos ou enfermeiros homens. As mulheres não podiam sair de casa sem acompanhantes homens e saíam somente pela porta de trás do ônibus. As mulheres que eram viúvas ou que não possuíam filhos não eram consideradas pessoas pelo Estado e muitas vezes enfrentavam a fome.
Em março de 2001, o taliban ordenou a destruição de duas gigantescas estátuas de Buda em Bamiyan, uma de 38 metros de altura e 1800 anos de idade e outra com 52 metros de altura e 1500 anos de idade. O ato foi condenado pela UNESCO e por vários outros países do mundo, incluindo o Irã.
Em face de conflitos com anciões de religião hinduísta, que frequentemente eram confundidos com islâmicos que haviam desrespeitado a ordem de não rasparem as barbas, os taliban decretaram, em maio de 2001, que os hindus e membros de outras religiões usassem um símbolo amarelo como identificação. Esta ordem foi posteriormente modificada em junho para obrigar os hindus a usarem uma carteira de identidade especial. O ato de empinar pipas, presente em alguns rituais hindus, foi banido por ser considerado perda de tempo.
As conversões de islâmicos a outras religiões foram banidas (o afegão era punido com a morte e o estrangeiro, expulso).
Em 1996 o saudita Osama bin Laden mudou-se para o Afeganistão, a convite da Aliança do Norte. Segundo o governo norte-americano, quando os taliban chegaram ao poder, a organização Al Qaeda, de Bin Laden, aliou-se a eles. Muitos ocidentais acreditam que o movimento taliban e a Al Qaeda já tinham relações bastante próximas, e que integrantes desta última tenham integrado as forças do Taliban entre 1997 e 2001.
Em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos e seus aliados invadiram o Afeganistão, à caça de Osama Bin Laden, que estaria refugiado no país, sob a proteção do regime taliban sem sucesso na missão. Finalmente em 2011, 10 anos após o ataque de 11 de setembro, Osama Bin Laden é assasinado no Paquistão por soldados norte americanos. A operação já estava sendo planejada desde setembro 2010 pelo Governo de Obama Presidente dos Estados unidos onde se reuniu 5 vezes com a cúpula do serviço de inteligência americano para dar por fim toda a operação de resgate e captura do terrorista. Mas, apesar da morte de Bin LadenAl Qaeda não teria terminado.

Mohammed Omar

mulá Mohammed Omar (em pachto: ملا محمد عمرNodeh, c. 1959), chamado simplesmente de Mulá Omar, é o líder do Taliban, movimento radical islâmico do Afeganistão, e chefe de Estado de fato do país de 1996 a 2001 sob o título oficial de Chefe do Conselho Supremo. Também manteve o título de Amir al-Mu'minin ("Comandante dos Fieis"), utilizado no Emirado Islâmico do Afeganistão. É procurado pelas autoridades dos Estados Unidos por "dar guarida a Osama bin Laden e à sua rede Al-Qaeda nos anos que antecederam e no período durante e imediatamente posterior aos ataques de 11 de setembro." Acredita-se que esteja conduzindo o Taliban em sua guerra contra o governo de Hamid Karzai e as tropas internacionais da OTAN no país a partir do Paquistão.
Apesar de seu cargo político e de ser uma das pessoas mais procuradas pelo FBI (embora não presentemente na lista dos dez foragidos mais procurados) pouco se sabe sobre ele e sobre sua vida. Existem pouquíssimas fotos dele, nenhuma delas oficial, e especula-se que a foto utilizada desde 2002 por boa parte da mídia seja outro oficial do Taliban. A autenticidade das imagens existentes ainda está em debate. Além do fato de que não tem um dos olhos, os relatos sobre sua aparência física são contraditórios; algumas pessoas que o conheceram pessoalmente o descrevem como um homem alto, enquanto outros o descreveram como pequeno e frágil. Também é descrito como tímido, e de poucas palavras para com estrangeiros.
Durante seu mandato como emir do Afeganistão Omar saiu poucas vezes de Kandahar, e raramente se encontrou com forasteiros, preferindo confiar em seu Ministro do Exterior, Wakil Ahmed Muttawakil, para a maior parte das necessidades diplomáticas.
Quando tinha 20 anos, em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão e Omar refugiou-se com a família no Paquistão. Neste país fez estudos corânicos, mas antes de os terminar decidiu regressar ao seu país para combater os soviéticos.
Foi recrutado pela jihad, organização resistente aos soviéticos, e iniciou-se nas técnicas de guerrilha num centro controlado pela CIA, serviços secretos dos EUA, e pelos serviços secretos paquistaneses. Durante dois anos combateu os ocupantes soviéticos até que foi gravemente ferido e perdeu a vista direita. Regressou ao Paquistão e retomou os estudos.
Após a retirada dos soviéticos e a queda do regime comunista que governava o Afeganistão, em 1992 voltou a seu país de origem, afetado por uma guerra civil. Dedicou-se a apelar à oração e a ensinar o Corão, livro sagrado muçulmano, aos mais novos e, segundo o próprio relatou, em 1994 foi visitado pelo profeta Maomé. Ficou então incumbido de reunir os religiosos do Afeganistão e acabar com o terror, o crime, a anarquia e a imoralidade. Nasceu assim o regime taliban, um movimento fundamentalista destinado a fundar um Estado islâmico e que recrutava os seus militantes sobretudo entre a etnia pashtun, a mesma de Omar.
O regime chegou ao poder sob a liderança de Muhammad Omar, o "Mullah", que em 1996 foi nomeado por mais de mil religiosos o líder supremo dos taliban, o comandante dos crentes, e impôs a sua lei. As mulheres passaram a ser proibidas de estudar e trabalhar e só podiam sair à rua se estivessem tapadas. Os homens foram obrigados a deixar crescer barba, entre outras regras rígidas. Ainda em 1996, o regime taliban acolheu no Afeganistão Al-Qaeda, rede terrorista liderada pelo milinário saudita Osama Bin Laden. Bin Laden e Muhammad Omar tornaram-se amigos e o líder da Al-Qaeda converteu Omar à ideia da união entre os islamitas.
O regime de Muhammad Omar, que só era reconhecido por Arábia SauditaEmirados Árabes Unidos e Paquistão, caiu em finais de 2001após os ataques aéreos norte-americanos contra o Afeganistão, seguidos do avanço das tropas da Aliança do Norte, oposição armada formada por uma dezena de grupos etnicamente diversos unidos pela necessidade de combater os Taliban. Estes ataques surgiram na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
A fuga de motocicleta, tantas vezes relatada na imprensa internacional, do líder taliban em Dezembro 2005 de Kandahar foi vista como o ponto final das ambições políticas de Muhammad Omar. Mas passados mais de oito anos sobre a invasão americana que derrubou o regime taliban, o seu chefe continua por capturar e ocasionalmente emite mensagens de desafio às tropas estrangeiras. E os taliban, baseando-se nos descontentamento das populações pashtuns, voltaram a dominar grandes zonas do Afeganistão. As suas técnicas de combate passam por ações de guerrilha clássica, mas também por atentados-suicidas contra as tropas estrangeiras e as foras militares afegãs que suportam o Presidente Hamid Karzai.

Grande ofensiva talibã para assumir o controlo da segunda cidade afegã

por Sara Sanz Pinto, Publicado em 09 de Maio de 2011 
Porta-voz do grupo diz que o ataque contra edifícios públicos em Kandahar nada tem a ver com morte de Bin Laden
As forças de segurança afegãs lutam há três dias contra uma violenta onda de insurreição talibã na cidade de Kandahar, no Sul do país. Pelo menos dois oficiais e três civis foram mortos e 46 pessoas ficaram feridas. Os ataques contra cinco edifícios do governo levados a cabo por homens armados e bombistas suicidas tiveram início no sábado, ao meio-dia, e, segundo os radicais, têm como objectivo "assumir o controlo da cidade". De acordo com a polícia, 14 talibãs e alguns paquistaneses também foram mortos.

Enquanto o presidente afegão, Hamid Karzai, afirmava que os militantes estavam a atacar civis para se vingarem da morte de Osama bin Laden, o porta-voz do grupo, Yusuf Ahmadi, contou que os atentados já estavam planeados há muito tempo, como parte da "ofensiva primaveril", anunciada na semana passada, e nada tinham a ver com a morte do líder da Al-Qaeda. Haji Pacha, importante membro da tribo Alokozai, disse em declarações por telefone ao jornal "The Observer" que Kandahar "estava completamente vazia". "Ainda existem confrontos em pelo menos três distritos da cidade e as lojas estão todas fechadas, as pessoas estão completamente apavoradas", acrescentou.

Segundo um líder talibã, que coordenou o ataque ao edifício do governador da província e falou em condição de anonimato, alguns funcionários públicos, alvos de uma violenta campanha de assassínios pelos insurgentes, estavam a usar civis como escudos humanos. "Forçam a entrada em carros com civis para tentarem fugir, porque sabem que não os atacamos", explicou.

O líder contou ainda que o edifício foi atacado por 40 homens e que o plano para atacar vários alvos de uma só vez foi concebido para intimidar as forças de segurança afegãs. "Sabemos que se atacarmos um sítio todo o pessoal da segurança virá cercar-nos; assim não nos conseguem parar", afirmou. De acordo com este líder talibã, os rebeldes, muitos deles fugidos da prisão no mês passado, tinham conseguido bloquear as principais ruas da cidade. A onda de ataques faz parte da operação Badar, anunciada no site do grupo rebelde, que visa transformar a cidade de Kandahar num "cenário de confrontos sangrentos".

Num comunicado separado, divulgado através da internet, os talibãs comentaram a morte de Bin Laden pela primeira vez, afirmando que o "martírio do xeque Osama [...] vai impregnar de um novo espírito a jihad contra os invasores".

Quem não acredita na inexistência de uma relação entre a morte do líder da Al-Qaeda e esta grande ofensiva talibã é o general norte-americano Richard Mills, que acabou recentemente a sua missão de comando dos marines no Sul do Afeganistão. Mills disse na quinta-feira que o líder dos talibãs, Mullah Omar, deve estar preocupado com a morte de Bin Laden, porque provou que os EUA "não abandonam as suas missões". E há vozes a pedir que, morto Bin Laden, os EUA devem envidar esforços para capturar o chefe máximo dos talibãs.

Ainda a propósito da organização terrorista, os EUA afirmaram ontem que "não podem dizer que a Al-Qaeda foi vencida estrategicamente", porém, o "número dois" de Bin Laden, Ayman al-Zawahiri, "não tem o mesmo estofo" que Bin Laden. O conselheiro para a segurança nacional de Barack Obama, Tom Donilon, sublinhou ainda que, apesar de o médico egípcio "estar longe de ser um líder", ele é agora "o terrorista mais procurado do mundo".