sábado, 5 de fevereiro de 2011

Novos Deputados x Legendas de Aluguel


04/02/2011
 às 19:24

Romário não é mais sem-vergonha do que aqueles que o elegeram

O deputado (!) Romário (PSB-RJ) foi flagrado jogando futevôlei na praia, no Rio, quando deveria estar em Brasília. Certo pragmatismo cínico tende a achar que, quando um parlamentar está fora de capital federal, o caixa do Brasil está mais protegido. Pode até ser. O que não resolve nada! Romário, Tiririca, esses tipos… O que quer essa gente a não ser usar o que lhes resta de fama para esticar um tantinho a celebridade e, eventualmente, fazer um caixa? É claro que a culpa é do eleitor. Mesmo o mais despreparado, o mais ignorante, sabe que a praia deles é outra. Mas entendem que eles têm o direito de “se dar bem” porque, no lugar deles, fariam o mesmo. Uma pesquisa já demonstrou que muita gente acha normal político empregar parente, confessando que faria o mesmo.  Precisamos de instituições sólidas e respeitáveis porque o povo não é muito menos sem-vergonha dos que os políticos.
Aí alguém diz: “Mas, Reinaldo, então não tem jeito. Se o povo é meio sem-vergonha, elege políticos meio sem-vergonhas, que fazem leis igualmente sem-vergonhas…”
Não é bem assim. A cultura democrática opera o milagre de produzir elites intelectuais - que têm origem em vários setores da sociedade - que acabam construindo uma moralidade institucional de qualidade superior à média do povo.  É por isso que se deve tomar cuidado com políticos populistas, carismáticos, salvadores da pátria, de inclinação demiúrgica. Eles tendem a agredir justamente as salvaguardas das instituições que protegem o povo até de si mesmo.
Por Reinaldo Azevedo



04/02/2011
 às 19:55

Legenda de aluguel

Romário, o deputado do futevôlei, é do PSB. Esse PSB nada mais é do que um PR - o do Tiririca - ou um outro “p” qualquer de aluguel, que, não obstante, se quer mais limpinho.
Reúne algumas lideranças de expressão regional, conseguiu eleger seis governadores, mas não tem espinha dorsal, nada. Divide-se hoje entre o voluntarismo boquirroto de Ciro Gomes - de que Lula faz gato e sapato, joga contra a parede e ainda chama de lagartixa… - e o charme meio soturno, mas de olhos buarquianos, de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, com evidências de que pretende ser o que o avô nunca foi: uma liderança nacional. Será?
Seja lá como for, a sigla nada mais é um do que uma espécie de caça-talentos de segunda grandeza, aceitando ser abrigo de celebridades, como qualquer legenda vigarista, em busca de votos.
Por Reinaldo Azevedo



04/02/2011
 às 20:59

Quem é o Macunaíma da história?

Leio que o cineasta André Klotzel quer fazer um filme sobre a vida de Tiririca, o deputado palhaço. Para tanto, diz que releu “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
Sei, sei… Um dos segredos da honestidade intelectual é não tratar o sublime como tolo nem o tolo como sublime. Falo como regra geral. Não que eu ache “Macunaíma” isso tudo, não. Acho até bem chatinho, para ser franco. Há muito folclore empacotado numa tentativa de novela ou romance. Mas vá lá. Eu e a primeira fase do modernismo somos de enfermarias diferentes…
De todo modo, para quem lê direito, “Macunaíma” é uma obra bastante pessimista - com o país e, evidentemente, com o próprio malandro.
“Macunaíma” pretende ser uma leitura do Brasil. O “herói sem nenhum caráter”, o aproveitador, o trambiqueiro simpático, acaba se dando mal. Tiririca, quie se dá bem, não é síntese de nada. é periférico demais.
Sugiro a Klotzel que repense seu projeto. O nosso Macunaíma que deu certo, que trocou a tragédia pela vida folgazã, é Lula evidentemente.
Ele, sim, chamou Venceslau Pietro Pietra, o comedor de gente, e falou: “Vamos rachar essa porcaria de muiraquitã e não se fala mais nisso?”. E assim se fez.
Tiririca? Associar Tiririca a Macunaíma me parece errado e meio covarde intelectualmente. O Mucanaíma de exaltação é outro.
Por Reinaldo Azevedo

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