quinta-feira, 1 de março de 2012

A Arca de Noé: lenda ou história verdadeira?


A Arca de Noé: lenda ou história verdadeira?


A história de Noé e da sua Arca é uma simples lenda ou a história (embelezada) de uma história verdadeira? 
É possível que a história do dilúvio contada na Bíblia e que sugere a ocorrência de um cataclismo que teria mergulhado uma parte da Terra debaixo de água não seja a única. 
Encontramos vestígios desta história em várias civilizações, por vezes com séculos de intervalo e sem que tenham tido contato umas com as outras!

A Bíblia conta: «No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, neste dia preciso, romperam-se todas as fontes do grande abismo e as janelas do céu se abriram. O dilúvio durou quarenta dias e todas as montanhas que estavam sob os céus foram submergidas pelas águas!» Gênesis 7. 11, 17, 19.

Esta história muito precisa ao nível do seu acontecimento na vida de Noé e a sua duração não seria a única descrição de um Dilúvio que teria tido lugar em uma época geológica recente.



Uma chuva de histórias!

Assim, existem mais de duzentas histórias em todos os continentes (América do Sul e do Norte, Europa, África, Ásia, Austrália) que contam a ocorrência de um dilúvio universal que teria causado uma inundação de quase toda a Terra. Então o Dilúvio é uma história real?

Mesmo que a razão deste dilúvio e as circunstâncias em que teve lugar sejam contadas de forma diferente em função das culturas e das tradições, esta «coincidência» entre várias histórias universalmente distribuídas não deixa de ser perturbadora.

A mais antiga versão do Dilúvio é proveniente da civilização suméria, que reinou no atual Iraque, na Mesopotâmia, do fim do quinto milênio até ao início do segundo milênio a.C.

De acordo com a história suméria, o Dilúvio teria sido provocado por discussões entre os deuses. Este mito de um mundo que nasce após as inundações torrenciais se encontra em várias histórias, na Babilônia, Assíria e, claro, na Bíblia, a mais conhecida.

Além disso, existem estranhas semelhanças materiais entre a história babilônica e a história bíblica. Noé na Bíblia e Utnapishtim na Babilônia são os únicos sobreviventes do Dilúvio. Nos dois casos, a Arca choca com um monte na atual Armênia

É com base nestes relatos que foram realizadas expedições científicas. Estas exploraram certas partes do monte Ararat (monte sagrado dos armênios que se encontra atualmente na Turquia). Finalmente, tanto Noé como Utnapishtim oferecem um sacrifício aos deuses para agradecer por terem sobrevivido.

Vídeo sobre o mito sumeriano em espanhol 

Os gregos da Antiguidade têm duas versões do dilúvio. De acordo com uma delas, este teria acontecido sob o reinado de Ogigos, o primeiro rei da Beócia e criador, de acordo com os beocianos, da Humanidade.

De acordo com a segunda versão, Zeus, o rei dos deuses, teria provocado um dilúvio para punir os homens pelos seus erros. O que é surpreendente neste relato é a estranha semelhança como o relato bíblico.

Assim, Prometeu sugeriu a Deucalião, seu filho e rei da Tessália, que construísse uma Arca na qual ele ficou apenas nove dias e nove noites. Deucalião decidiu fazer um sacrifício a Zeus, que lhe pediu para jogar os ossos da sua mãe para trás. Estes ossos viraram pedras que se transformaram em humanos, o que marcou o início da Humanidade.



Dilúvio na mitologia Maia.

A América também possui seu mito sobre o dilúvio, a mitologia Maia descreve na história do Popol Vuh onde é narrada a história de um dilúvio que dizimou a raça humana.
"Segundo o Popol Vuh, o mundo era um angustiante nada, até que os deuses - o Grande Pai e a Grande Mãe, um criador, a outra fazedora de formas - resolveram gerar a vida. A intenção de ambos era serem adorados pela própria criação. Primeiro, fizeram a Terra, depois, os animais e, finalmente, os homens. Estes, inicialmente, foram criados de barro. Como não deu certo, o Grande Pai decidiu retirá-los da madeira. Porém, os novos homens, apesar de ativos, eram vaidosos e frívolos, obrigando o Grande Pai a destruí-los em um dilúvio." (Enciclopédia Encarta, Microsoft Corporation, 2001).

Popol Vuh, mito da criação maya em espanhol

Dilúvio no mito Africano.

Olokun, Proprietário (Olo) dos Oceanos (Okun), e Olorun, Proprietário (Olo) dos Céus (Orun), eram casados e criaram tudo. Mas se separaram numa disputa de poder e viveram em guerra. Olorun encarregou Obatalá de criar a terra sobre as águas primordias de Olokun. Certa vez, Olokun invadiu a Terra para reassumir seu território perdido e consequentemente destruir a humanidade demonstrando seu poder através de um grande Dilúvio. Olorun salvou parte da humanidade lançando uma corrente para os homens subirem. Com essa mesma corrente, Olorun atou Olokun ao fundo do mar. Olokun mandou uma gigantesca serpente marinha engolir a lua, mas Olorun disse que sacrificaria um humano por dia para acalmar a deusa. Assim, todo dia uma pessoa se afoga no mar.

Dilúvio no mito hindu
vídeo em inglês sobre o mito de Matsya.
O Avatar de Vishnu, Matsya, é retratado como sendo o que apareceu inicialmente como um Shaphari (uma carpa pequena) para o rei Manu (cujo nome original era Satyavrata ), o rei de Dravidadesa, enquanto ele lavava as mãos num rio. Este rio supostamente descia das montanhas de Malaya para sua terra dos Drávidas. O peixinho pediu para o rei salvá-lo, e por compaixão, ele o colocou em uma jarra de água. Ele continuou a crescer cada vez mais até que o rei Manu teve que coloca-lo em um grande jarro, e depois depositá-lo em um poço. Quando o poço também revelou-se insuficiente para o peixe cada vez maior o Rei colocou em um tanque. Como ele cresceu ainda mais o Rei Manu teve que colocar o peixe em um rio, e quando o rio ainda se revelou insuficiente, ele colocou no oceano, depois quase encheu a vasta extensão do grande oceano. Foi então que Ele (o Senhor Matsya) informou o Rei de um Dilúvio que estava muito próximo. O rei construiu um barco enorme que abrigava sua família, 9 tipos de sementes, e animais para repovoar a terra. No momento do dilúvio, Vishnu apareceu como um peixe com chifres e Shesha apareceu como uma corda, com o qual Vaivasvata Manu fixou o barco no chifre do peixe (Matsya).

Dilúvio na mitologia asteca

No manuscrito asteca denominado como Codex borgia, há a história do mundo dividido em idades, das quais a última terminou com um grande dilúvio produzido pela deusa Chalchihuitlicue.
vídeo sobre o Codex borgia em inglês

 Dilúvio no mito inca

Na mitologia dos incas, Viracocha destruiu os gigantes com uma grande inundação, e duas pessoas repovoaram a Terra (Manco Capac e Mama Ocllo mais dois irmãos que sobreviveram.
A religião é um forte elo entre as várias culturas andinas, sejam elas pré-incaicas ou incas. A imposição do Deus Sol é um forte elemento da crença e dominação através do mental, ou seja daquilo que permanece impregnado por gerações nas concepções e mentalidades destas culturas, adorando o Deus imposto e entendendo ser ele o mais importante. Pedro Sarmiento de Gamboa, cronista espanhol do século XVI, relata como os Incas narravam sua criação e as lendas que eram passadas através da oralidade de geração em geração, desde o surgimento de Viracocha e seus ensinamentos, procurando definir um homem que o venerasse e fosse pregador de seus conhecimentos. Em algumas tentativas de criar este homem, Viracocha acaba punindo-o com um grande dilúvio pela não obediência como comenta Gamboa(2001): Mas como entre ellos naciesen vicios de soberbia y codicia, traspasaron el precepto del Viracocha Pachayachachi ,que cayendo por esta trasgresión en la indignación suya, los confundió y maldijo. Y luego fueron unos convertidos en piedras y otros en formas, a otros trago la tierra y otros el mar,y sobre todo les envió un diluvio general, al cual llaman uñu pachacuti , que quiere decir “agua que trastornó la tierra”. Y dicen que llovió sesenta días y sesenta noches, y que se anegó todo lo creado, y que solo quedaron algunas señales de los que se convierteron en piedras para memoria del hecho y para ejemplo a los venideros en los edificios de pucara que es sesenta leguas del Cuzco. (p. 40).
A narração do dilúvio está presente entre muitos povos e culturas por todo o mundo. O início de tudo, ou seja, a criação, é um fator muito importante para estabelecer relações e explicações sobre o que não se conhece e o que não foi vivido. Assim, os mitos e lendas buscam criar uma ancestralidade, um ponto em comum que defina a origem e o começo do cosmos e tudo existente nele, ou seja, o conhecer de si mesmo, do próprio homem inserido na natureza, buscando sua sobrevivência e continuidade de sua existência e a harmonia com os elementos naturais e sobrenaturais.
 
lenda de Manco & Mamma em espanhol

Dilúvio pascuenses

A tradição do povo da Ilha de Páscoa diz que seus ancestrais chegaram à ilha escapando da inundação de um mítico continente, ou ilha, chamado Hiva.


  
As provas científicas

A história da Arca de Noé teve uma grande influência na história das investigações científicas, dado que atribuíam os vestígios de organismos marinhos e de conchas encontrados no topo das montanhas a marcas do Dilúvio. 

De um ponto de vista geológico e hidrográfico, a teoria segundo a qual a Terra esteve submersa durante 40 dias implica que teria havido uma precipitação de oito metros por hora. 

Isto parece difícil, dado que seria necessário três vezes mais água na Terra do que aquela que alguma vez existiu para conseguir imergi-la em tão pouco tempo. Assim, procuraram outras explicações.


A teoria do meteorito

De acordo com cálculos científicos, o Dilúvio terá tido lugar há cerca de 10.000 ou 12.000 anos. O austríaco Otto Much, baseando-se em pesquisas arqueológicas e geológicas, situou esta catástrofe em 5 de junho de 8496 a.C.!

Nesta data, uma colisão terá tido lugar entre um asteroide e a Terra, no seguimento de uma conjunção da Lua, Terra e Vênus.

No momento de entrar na atmosfera, ainda segundo Otto Much, o meteorito se quebrou em dois no centro de um arco formado pelas Antilhas e a Florida, em um local onde a crosta terrestre é muito fina e possui vários vulcões submarinos. 
Com o choque, vários vulcões entraram em erupção, causando gigantescos maremotos. As nuvens de cinzas formaram um espesso manto que cobriu a Terra quase totalmente.


Uma subida das águas de trinta metros!

Este fenômeno, que escondeu o Sol, provocou chuvas de uma amplitude inimaginável durante dias. De acordo com cálculos científicos, mais de 20 bilhões de toneladas de água e 3 bilhões de toneladas de cinza caíram na Terra. Este dilúvio fez o nível das águas subir mais de trinta metros, o que era mais do que suficiente para criar uma gigantesca submersão quase total do nosso planeta. 

A teoria de Otto Much foi confirmada em grande parte por descobertas de inúmeros vestígios de animais, nomeadamente, nas regiões árticas. Estes pareciam ter sido mortos subitamente em uma época geológica muito próxima da citada pelo cientista austríaco, como por uma enorme explosão repentina.

Até foram encontrados, misturados, ossos de espécies que na época viviam em regiões muitos diferentes. Um pouco como se toneladas de cadáveres tivessem sido empurrados durante centenas de quilômetros por uma titânica massa de água e misturados por uma agitação líquida de uma amplitude excecional.

Da mesma forma, de acordo com o livro de François Derrey, A Terra, essa desconhecida, as regiões árticas não são as únicas onde foram registrados estes fenômenos Encontramos em todo o lado inúmeros vestígios de enormes cemitérios de animais de origens muito diferentes e de zonas geográficas afastadas todos juntos! 

Assim, ao largo da Sibéria, até existe a Ilha de Liedkoff que é quase inteiramente composta por restos de dentes e ossos de grandes mamíferos. Os arredores da ilha também estão forrados de restos de milhares de animais.


O pai da evolução ajuda

Entre os defensores da forte probabilidade desta gigantesca catástrofe encontramos o pai do evolucionismo, Charles Darwin. Esta teoria admite que o Homem é descendente de uma linhagem de animais desde as primeiras bactérias que povoaram a Terra.

Em sua famosa obra «A Origem das Espécies», ele conta que, para destruir tantos animais em tão pouco tempo em um território assim tão vasto, foi preciso uma catástrofe de uma amplitude excecional que agitou as próprias bases do globo terrestre. 

Documentário do National Geographic com teoria cientifica sobre o Diluvio.

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