terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Protestos chegam à China 20/02/2011

Um pouco sobre a República Popular da China

A República Popular da China (RPC) (chinês simplificado: 中华人民共和国; chinês tradicional: 中華人民共和國; pinyin: ), vulgarmente conhecida como China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente um sétimo da população da Terra. É uma república socialista governada pelo Partido Comunista da China sob um sistema de partido único e tem jurisdição sobre 22 províncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, Ningxia e Guangxi), quatro municípios (Pequim,Tianjin, Xangai e Chongqing) e duas Regiões Administrativas Especiais com grande autonomia (Hong Kong e Macau). A capital da República Popular da China é Pequim.

Com aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, a República Popular da China é o terceiro ou quarto maior país do mundo em área total e o segundo maior em área terrestre. Sua paisagem é variada, com florestas de estepes e desertos (os de Gobi e Taklamakan) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul húmido e quente próximo ao Vietnam, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, a costa leste da China continental é de baixa altitude e tem uma longa faixa costeira de 14.500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além de onde estão Taiwan, Coréia e Japão.

A antiga civilização chinesa, uma das primeiras do mundo, floresceu na bacia fértil do rio Amarelo, que atravessa a Planície Norte da China. Por mais de 4.000 anos, o sistema político da China foi baseado em monarquias hereditárias (também conhecidas como dinastias). A primeira dessas dinastias foi a Xia (aproximadamente 2000 a.C)., mas mais tarde foi a dinastia Qin que unificou a China em 221 a.C. A última dinastia foi a Qing, que terminou em 1911 com a fundação da República da China (RC) pelo Partido Nacionalista Kuomintang (KMT). Na primeira metade do século XX a China mergulhou em um período de desunião e guerras civis que dividiram o país em dois principais campos políticos - o Kuomintang e os Comunistas. As hostilidades terminaram em 1949, quando a República Popular da China foi estabelecida na China pelos comunistas vitoriosos. O KMT, liderado pelo governo da República da China, recuou para Taipei, agora limitadando sua competência para a ilha de Taiwan e algumas ilhas adjacentes. Ainda hoje, a China está envolvida em disputas com a RC em relação a questões de soberania e do estatuto político de Taiwan.

A importância da China como uma grande potência é refletida através de seu papel como segunda maior economia do mundo nominalmente (ou segunda maior em poder de compra) e como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, bem como sendo um membro de várias outras organizações multilaterais, incluindo a OMC, APEC, G-20, BRIC e da Organização para Cooperação de Xangai. Além disso, é reconhecido como um Estado com armas nucleares, além de possuir o maior exército do mundo em número de tropas e o segundo maior orçamento de defesa.

Desde a introdução de reformas baseadas no mercado econômico em 1978, a China tornou-se uma das economias em mais rápido crescimento, o segundo maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias do planeta. A rápida industrialização reduziu a sua taxa de pobreza de 53% em 1981 para 8% em 2001. A China tem sido caracterizado como uma superpotência emergente por vários acadêmicos, analistas militares, e analistas econômicos.

A guerra civil chinesa terminou em 1949, quando o Partido Comunista chinês tomou o controle da China continental e o Kuomintang (KMT) recuou para a ilha de Formosa (Taiwan). Em 1º de outubro de 1949, Mao Tse-tung proclamou a República Popular da China, declarando que o "povo chinês se pôs de pé". O termo "China Vermelha" foi um nome freqüentemente usado para a China dentro do bloco capitalista, especialmente até meados dos anos 1970, quando as relações com o Ocidente melhoraram.

Após uma série de falhas econômicas dramáticas (que coincidiram com o Grande Salto Adiante), Mao Tse-tung deixou o cargo de presidente em 1959, sucedendo-o Liu Shaoqi. Mao manteve um grau considerável de influência sobre o partido, mas foi alijado da administração diária dos assuntos econômicos, que passou ao controle de Liu Shaoqi e Deng Xiaoping.

Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a Revolução Cultural, que perduraria até a morte daquele dirigente chinês, dez anos mais tarde. A Revolução Cultural, motivada por uma luta pelo poder dentro do partido e por temores acerca da União Soviética, provocou um grande transtorno na sociedade chinesa. Em 1972, no auge da ruptura sino-soviética, Mao e Zhou Enlai encontraram-se com Richard Nixon em Pequim para estabelecer relações com os Estados Unidos. Naquele ano, a República Popular da China aderiu às Nações Unidas, substituindo a República da China (Taiwan) no assento permanente do Conselho de Segurança.

Após a morte de Mao em 1976 e a prisão da Camarilha dos Quatro, acusada dos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping rapidamente logrou tomar o poder das mãos de Hua Guofeng, sucessor escolhido por Mao. Embora Deng nunca tenha se tornado o chefe do partido ou do Estado, sua influência dentro da agremiação levou o país a implementar reformas econômicas de grande magnitude. Posteriormente, o Partido Comunista afrouxou o controle governamental sobre a vida pessoal dos chineses e dissolveu as comunas; muitos camponeses receberam terras, de modo a aumentar os incentivos à produção agrícola. Estes eventos marcaram a transição da China de uma economia planejada para uma economia mista com um mercado crescentemente mas livre, um sistema chamado por muitos de "socialismo de mercado". A China adotou a sua atual constituição em 4 de dezembro de 1982.

Em 1989, a morte de um funcionário favorável a reformas, Hu Yaobang, ajudou a precipitar os protestos da Praça da Paz Celestial, quando estudantes, ativistas e outros organizaram manifestações durante meses em defesa de maiores direitos e da liberdade de expressão.

A visita de Mikhail Gorbachev à República Popular da China em 15 de maio, durante os protestos da Praça da Paz Celestial trouxe muitas agências de notícias estrangeiras para Pequim, e os retratos simpatizantes dos manifestantes ajudaram a estimular o espírito de libertação entre os europeus do Leste que estavam assistindo. A liderança chinesa, especialmente secretário geral do Partido Comunista Zhao Ziyang, tendo começado mais cedo do que os soviéticos para reformar radicalmente a economia, foi aberta a reforma política, mas não à custa de um potencial de retorno para o transtorno da Revolução Cultural.

As manifestações foram brutalmente reprimidas em 4 de junho, quando começaram a digirir-se contra a corrupção no partido. Tropas do exército chinês entraram na praça e dispararam contra os manifestantes, o que resultou em grande número de vítimas. O acontecimento recebeu especial atenção da mídia ocidental e foi gravado em vídeo, de modo a provocar a condenação mundial e sanções contra o governo.

O Presidente Jiang Zemin e o premier Zhu Rongji, ambos ex-prefeitos de Xangai, lideraram a China após o caso da Praça da Paz Celestial, nos anos 1990. Durante a administração de Jiang, o desempenho econômico chinês tirou cerca de 150 milhões de camponeses da pobreza e manteve um crescimento médio do PIB da ordem de 11,2% ao ano. O país aderiu à OMC em 2001.

Na China, o governo permite um grau limitado de liberdade religiosa, porém com tolerância oficial só é estendida aos membros de organizações religiosas aprovadas pelo Estado e não para aqueles que adoram outras religiões. Um número exato de adeptos religiosos é difícil de obter devido à falta de dados oficiais, mas há um consenso geral de que a religião na China está passando por um "ressurgimento" nos últimos 20 anos. Uma pesquisa de Phil Zuckerman no site Adherents.com concluiu que em 1998, 59% (mais de 700 milhões) da população era irreligioso. Enquanto isso, outra pesquisa de 2007, constatou que existem 300 milhões de pessoas (23% da população) religiosas, divergindo do número oficial de 100 milhões.

Apesar dos resultados de diferentes pesquisas, a maioria concorda que as religiões tradicionais – budismo, confucionismo, taoísmo e a religião tradicional chinesa - são as religiões dominantes. De acordo com várias fontes, o budismo na China possui entre 660 milhões (~50%) a 1 bilhão de membros (~80%), enquanto que o número de taoístas é de 400 milhões de pessoas (~30%). No entanto, devido ao fato de que uma pessoa poder participar de duas ou mais destas crenças tradicionais e, ao mesmo tempo, pela dificuldade em diferenciar claramente o budismo, taoísmo e a religião tradicional chinesa, o número de adeptos dessas religiões podem ser sobrepostos. Além disso, assinando o budismo e o taoísmo não são considerados necessariamente religiosos por aqueles que seguem tais filosofias.

Templo budista Chongsheng em Dali,Yunnan.

Das religiões minoritárias, o cristianismo tem sido particularmente destacado como uma das de mais rápido crescimento (especialmente desde os últimos 200 anos) e hoje possui entre 40 milhões (3%) e 54 milhões (4%) de seguidores, de acordo com pesquisas independentes, enquanto as estimativas oficiais sugeriram que há apenas 16 milhões de cristãos. Algumas fontes também informaram até 130 milhões de cristãos na China.

O islã também está presente no país, porém estatísticas são difíceis de serem encontradas, e os valores que a maioria das estimativas fornecem fica em torno de 20 a 30 milhões de muçulmanos (1,5% a 2% da população).

Existem também seguidores de outras religiões minoritárias, como o hinduísmo, dongbaismo, Bön e uma série de novas religiões e seitas (especialmente o tian-ti-chiao). Em julho de 1999, a prática espiritual da seita Falun Gong foi oficialmente proibida pelas autoridades e vários organismos internacionais têm criticado o tratamento do governo ao Falun Gong.

O governo da China tem sido descrito como autoritário, comunista e socialista, com restrições em diversas áreas, em especial no que se refere às liberdades de imprensa, de reunião, de movimento, de direitos reprodutivos e de religião, além de alguns obstáculos ao livre uso da internet.O seu atual chefe supremo é o Presidente Hu Jintao; o primeiro-ministro é Wen Jiabao. O país é governado pelo Partido Comunista da China (PCC), cujo monopólio sobre o poder é garantido pela constituição chinesa. Há outros partidos políticos no país, que participam da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e do Congresso Nacional Popular, embora sirvam principalmente para endossar as políticas adotadas pelo PCC. Há sinais de abertura política, com eleições competitivas nos níveis de vila e cidade, mas o partido mantém o controle efetivo sobre as nomeações governamentais.

Embora a constituição contenha direitos e garantias individuais, a República Popular da China é considerada um dos países menos livres em termos de liberdade de imprensa, e é comum a censura à manifestação de opiniões e de informações referente ao governo. A China é freqüentemente alvo de críticas de ONGs e outros governos devido a violações graves de direitos humanos, como no caso de prisões sem julgamento de ativistas políticos, confissões forçadas, tortura, maus-tratos a prisioneiros e outros.

Com uma população de mais de 1,3 bilhão de pessoas (1,3 mil milhões - PE), a China mantém uma política rígida de planejamento familiar, centrada no conceito de "uma criança por família". O objetivo do governo é estabilizar o crescimento populacional no início do século XXI. Há denúncias de abortos e esterilização forçados por parte de funcionários locais, obrigados a impedir o crescimento da população. Há um desequilíbrio de sexos na população chinesa devido a uma tradicional preferência chinesa por meninos, o que levou o governo a proibir o uso de ultra-sonografia na gravidez para fins de seleção do sexo da criança.

China mantém relações diplomáticas com a maioria dos países do mundo. A Suécia foi o primeiro país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China em 09 de maio de 1950. Em 1971, a República Popular da China substituiu a República da China (Taiwan) como representante da China nas Nações Unidas e como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança daquela organização.

Conforme a política de uma China, a República Popular exige, como precondição para estabelecer relações diplomáticas, que o outro país reconheça a sua reivindicação sobre o território ocupado por Taiwan e rompa todos os vínculos com o governo da República da China.

A China tem buscado criar áreas de livre comércio e pactos de segurança entre os seus vizinhos da Ásia-Pacífico, em alguns casos com a exclusão dos Estados Unidos (como na Cúpula do Leste Asiático). Também é membro fundador da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), juntamente com a Rússia e as repúblicas da Ásia Central.

Boa parte da política externa da República Popular da China baseia-se no conceito da ascensão pacífica da China, embora ocorram por vezes incidentes com outros países, como os EUA (bombardeio da Embaixada da China em Belgrado em 1999 e acidente com avião-espião em 2001) e o Japão (recusa deste último em reconhecer satisfatoriamente, do ponto de vista chinês, as atrocidades nipônicas durante a guerra). As relações com países ocidentais sofreram em conseqüência da repressão aos protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.

A China mantém algumas questões de fronteira com países vizinhos que já levaram a guerras nos últimos 50 anos, inclusive a guerra sino-indiana de 1962, o conflito fronteiriço sino-soviético de 1969 e a guerra sino-vietnamita de 1979. Em 2001, a China e a Rússia assinaram o Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amistosa que permitiu a transferência, em 2004, da ilha de Yinlong e metade da ilha de Heixiazi para a China, de modo a encerrar uma longa controvérsia sino-russa de fronteira. Há outras questões fronteiriças, como a das ilhas nos mares da China Oriental e Meridional, e fronteiras indefinidas ou contestadas com a Índia, o Tadjiquistão e a Coréia do Norte.

Enquanto acompanha uma rápida ascensão econômica e militar, a República Popular da China procura manter uma política de diplomacia com seus vizinhos. A China é membro da OMC, FMI, APEC, AIEA, UNESCO, OMS, ISO e outros organismos internacionais.

Com 2,3 milhões de soldados ativos, o Exército de Libertação Popular (ELP) é a maior força militar do mundo, em termo de número de de homens. O ELP consiste de um exército,marinha, força aérea e uma força nuclear estratégica. O governo anunciou que o orçamento do ELP para 2009 foi de US$ 70 bilhões. No entanto, os Estados Unidos afirmam que a China não informa sua despesa militar real. A Agência de Inteligência de Defesa estima que o real orçamento militar chinês para 2008 tenha sido entre de US$ 105 e US$ 150 bilhões.

Um caça chinês Chengdu J-10.

República Popular da China, com a posse de armas nucleares, é considerada uma grande potência militar regional e uma superpotência militar emergente. A China é o único membro do Conselho de Segurança da ONU com uma capacidade de projeção de poder limitada.

Muito progresso foi feito na última década e a RPC continua a fazer esforços para modernizar suas forças armadas. O país comprou caças de última geração da Rússia, como o Sukhoi Su-30, e também produziu os seus próprios caças modernos, especificamente os chineses J-10s e J-11s. Também adquiriu e aprimorou o míssil russo S-300, que é considerado um dos melhores sistemas de interceptação de aeronaves do mundo. Nos últimos anos a China revelou um plano de desenvolvimento nacional de caças de quinta geração, aeronaves stealth, que devem ser lançados até o ano 2016. Em anos recentes, a China focalizou muita atenção na construção de navios de longo alcance, anunciando o seu primeiro porta-aviões.

Há pouca informação disponível sobre as motivações que apoiam a modernização militar da China. Um relatório de 2007 do Secretário de Defesa dos Estados Unidos tomou nota que "as ações da China em determinadas áreas aparecem cada vez mais incompatíveis com as suas políticas declaratórias" de ascensão pacífica. Por sua vez, a China afirma que mantém um exército puramente para fins defensivos.

Algumas "usinas de ideias" como o Conselho Europa-Ásia alegaram que as atuais tensões entre os Estados Unidos e a China sobre a decisão abrupta de Washington, D.C. de vender armas à Taiwan podem desencadear uma nova corrida armamentista na Ásia alimentada basicamente por motivos ideológicos nacionais, uma situação que lembra em muitos aspectos a era McCarthy, quando os Estados Unidos foram abertamente favoráveis ao lobby de Chiang Kai-shek.

Enquanto os controles económicos e sociais têm sido muito enfraquecidos na China desde a década de 1970, a liberdade política é ainda bastante restrita. A Constituição da República Popular da China afirma que os "direitos fundamentais" dos cidadãos incluem a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, o direito a um julgamento justo, à liberdade de religião, o sufrágio universal e direitos de propriedade. No entanto, estas disposições não conferem proteção significativa, na prática, contra procedimentos penais do Estado.

Com a reforma económica chinesa, dezenas de milhões de trabalhadores rurais chineses que se mudaram para as grandes cidades foram tratados como cidadãos de segunda classe por um sistema obsoleto de registro domésticos, chamado "hukou", que controla os benefícios do Estado. O sistema de direitos de propriedade é fraco e ocorrem desapropriações abusivas de terras contra os camponeses. Em 2003/2004, um agricultor médio tinha de pagar três vezes mais impostos, embora o seu rendimento tenha sido de apenas um sexto do de um morador urbano médio. Desde então, uma série de impostos rurais têm sido reduzidos ou suprimidos, e outros serviços sociais prestados às populações rurais.

A censura do discurso político e da informação, inclusive na internet, é aberta e usada rotineiramente para silenciar as críticas ao governo e ao Partido Comunista Chinês. Em 2010, a organização Repórteres sem Fronteiras classificou a República Popular da China na posição 171º (entre 178 estados) em seu relatório anual "Índice de Liberdade de Imprensa". O governo reprime as manifestações de organizações e crenças que considera que uma potencial ameaça para o controle e a "estabilidade social", como foi o caso com o protesto na Praça da Paz Celestial em 1989. O Partido Comunista tem tido pouco sucesso em controlar a informação: um sistema de controle de mídia muito forte enfrenta as forças de mercado muito fortes, uma cidadania cada vez mais educada, e mudanças culturais que estão tornando a China mais aberta, especialmente sobre questões ambientais.

Uma série de governos estrangeiros e ONGs rotineiramente criticam a República Popular da China, alegando violações generalizadas dos direitos civis, incluindo a utilização sistemática de detenção prolongada sem julgamento, confissões forçadas, tortura, maus-tratos de prisioneiros, restrições à liberdade de expressão, de reunião, associação, de religião, de imprensa, e aos direitos trabalhistas. A China executa mais pessoas do que qualquer outro país, respondendo por 72% do total mundial de execuções em 2009, embora não seja o maior carrasco per capita.

O governo da China responde afirmando que a noção de direitos humanos deve levar em conta o nível atual de desenvolvimento económico e situação geopolítica de um país e se concentrar mais sobre os direitos do povo à subsistência e ao desenvolvimento nos países mais pobres. O aumento do padrão de vida, alfabetização e expectativa de vida dos chineses médios nas últimas três décadas, é visto pelo governo como um progresso tangível em matéria de direitos humanos. Os esforços na última década para combater desastres naturais, como as constantes enchentes do rio Yangtzé e acidentes de trabalho e aumento de renda também são retratados pelo governo como um progresso em matéria de direitos humanos para um país ainda pobre.

Desde sua fundação em 1949, a República Popular da China adotava um estilo soviético de economia planificada. Com a morte de Mao Tse-tung e o fim da Revolução Cultural, os novos dirigentes chineses começaram a reformar a economia. A sua transformação em economia mista, foi iniciada por Deng Xiaoping em 1978, após a falha da economia planificada em desenvolver os sistemas produtivos chineses a níveis aceitáveis. As reformas de Xiaoping incluíram a privatização das fazendas, o que pôs fim à agricultura coletiva, e de indústrias estatais que fossem consideradas de baixo desempenho na época, como mineração e produtos básicos (roupas, processamento de alimentos), entre outras. Em 1978, a China e o Japão normalizaram relações diplomáticas e a China aceitou empréstimos do Japão. Nas últimas décadas o Japão tem sido o maior credor estrangeiro da China. Em 1997 a China abandonou de vez o socialismo de mercado adotando o capitalismo convencional, acabando com o principio de propriedade estatal e executando um segundo maciço programa de privatização. Para selar sua condição de economia globalizada, em 2001 a China foi aceita na Organização Mundial do Comércio. Actualmente, 70% da economia da China é privada, e este número continua crescendo. A economia da China composta por membros capitalistas "transplantados num corpo socialista debilitado", modifica, em 1995, a taxa de crescimento, impulsionada principalmente pelo setor não-estatal, para 8,9%, superando as expectativas do governo e antecipando a meta prevista no IX Plano Quinquenal (1996-2000).

Este robusto crescimento econômico, combinado com excelentes fatores internos como estabilidade política, grandes reservas em moeda estrangeira (a maior do mundo, com US$ 818,9 bilhões), mercado interno com grande potencial de crescimento, faz com que a China seja atualmente um dos melhores locais do mundo para investimentos estrangeiros, com uma avaliação de risco (Moody's) A2, índice considerado excelente.

As grandes mudanças sociais e econômicas promovidas pelos seguidores de Deng Xiaoping deram uma nova dinâmica política à China comtemporânea e limitaram as opções dos governantes do país. Houve nos últimos anos uma melhoria no padrão de vida dos chineses, embora seja um país com renda média para os padrões mundiais. O rápido crescimento econômico do país conseguiu retirar centenas de milhões de pessoas da pobreza desde 1978 - o número de camponeses pobres caiu de 200 milhões para 80 milhões em 10 anos. Apenas 10% da população vive abaixo da linha de pobreza (em comparação com 64% em 1978) e 99,8% dos jovens são alfabetizados (em comparação com 20% em 1950 – muitas etnias chinesas não falavam o mandarim). Desemprego urbano diminuiu para 4 por cento em 2007 (desemprego real pode estar em 10%). A expectativa de vida chinesa é a terceira maior do leste asiático, com 73 anos, atrás de Coréia do Sul, com 77,3 e Japão, com 82,2.

A população de classe média (com renda anual de, pelo menos, 17.000 de dólares) atingiu mais de 100 milhões de pessoas, enquanto que pessoas ricas (com capital superior a US$ 1,5 milhão) é estimado em 825 mil pessoas de acordo com o Hurun Report, em 2009. A China é também o segundo maior consumidor mundial de bens de luxo com 27,5% da quota global, atrás do Japão. O mercado de varejo da China cresceu 16,8% ao ano.

Com reformas econômicas iniciados em 1978, a China cresceu 90 vezes, se tornando a economia de maior crescimento global. A China é o segundo país do mundo em PIB nominal com US$ 5.745 trilhões, embora sua renda per capita ainda é baixo (US$ 7.518 em 2010). Os setores primário, secundário e terciário contribuiram com 10,6%, 46,8%, e 42,6 %, respectivamente para economia chinesa em 2009. O PIB real da República Popular da China atingiu US$ 10.084 trilhões em 2010, a segunda maior do mundo. Levando em conta a sua baixa renda per capita e a moeda superdesvalorizada, o custo de vida na China é muito baixo.

A China é o quarto país mais visitado do mundo, com 50,9 milhões de visitantes internacionais em 2009. Atualmente a China é a segunda potência comercial do mundo, atrás dos EUA e a frente do Japão. Suas reservas internacionais de moedas estrangeiras atingiram US$ 2,4 trilhões, os maiores do mundo. A China possui cerca de US$ 1,6 trilhão de títulos financeiros dos EUA. A China detém US$ 801,5 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA, tornando-se o maior credor estrangeiro da dívida pública dos EUA. O investimento da China no mercado internacional está crescendo rápidamente. Em 2008 era o sexto maior investidor no mercado internacional.

O sucesso comercial da China tem sido devido principalmente ao seu baixo custo de produção. São atribuídos uma combinação de fatores como mão-de-obra de baixo custo, boa infraestrutura, bom nível de tecnologia, alta produtividade, em alguns casos, o não pagamento de licenças comerciais, a política governamental favorável e uma moeda (yuan) muito desvalorizada.

Plantação de arroz em Longsheng,Guangxi.

O Estado ainda predomina nas áreas-chaves da indústria (como a energia e as indústrias pesadas), a iniciativa privada (30 milhões de empresas privadas) responde entre 33% (People's Daily, 2005) a 70% (BusinessWeek, 2005) do PIB em 2005, enquanto que a estimativa da OCDE é superior a 50% da produção nacional da China, muito superior a 1% de 1978. A Bolsa de Valores de Xangai (SSE) lança valores recordes de IPOs e seu índice de referência Shanghai Composite index dobrou desde 2005. A capitalização de mercado SSE atingiu US$ 3 trilhões em 2007 tornando-se o quinto maior na bolsa de valores do mundo.

A China ocupa posição 29 no ranking no Índice de Competitividade Global. Quarenta e seis empresas chinesas entraram na lista da Fortune Global 500 em 2010. Utilizando o cálculo de capitalização de mercado, quatro das dez empresas mais valiosas do mundo são chinesas. Algumas delas incluem a primeira no ranking mundial PetroChina Company (empresa de petróleo mais valiosa do mundo), terceiro no ranking Banco Industrial e Comercial da China (banco mais valioso do mundo), quinto no ranking China Mobile (empresa de telecomunicações mais valiosa do mundo) e sétima no ranking China Construction Bank.

Apesar do progresso significativo dos últimos anos, existem grandes obstáculos para o crescimento chinês a longo prazo. A significativa piora da distribuição de renda é apenas um dos fatores negativos para o desenvolvimento social, com um coeficiente de Gini em 44,1 e cada vez maior. Outro grande problema é o previdenciário que, com a política do filho único e aumento da expectativa de vida, apresenta desequilíbrios no fluxo de caixa, sendo cada vez menor a relação entre trabalhadores contribuintes por aposentado. Cerca de 21% da população tem 14 anos de idade ou menos e 8% com mais de 65 anos. Outro problema é a diferença de desenvolvimento econômico entre as áreas costeiras (urbanas), nordeste da China e o seu interior, principalmente no sul e oeste, ainda predominantemente agrário e de baixa renda, exacerbada com a liberação do mercado, pois os investidores preferem investir em áreas com melhor infraestrutura e trabalhadores mais qualificados.

A China tem a mais longa tradição cultural continua do mundo, com uma história contínua de mais de 3.000 anos. A cultura chinesa conheceu uma notável longevidade e expansão geográfica que remonta pelo menos ao terceiro milênio, altura em que este povo se concentrava na região do Rio Amarelo. A periodização da civilização chinesa foi estabelecida através das diferentes dinastias que governaram a nação, desde as precursoras Shang (1650 a.C.-1027 a.C.), cujas produções culturais se enquadram no período do bronze, e Zhou (1027 a.C.-256 a.C.). Foi durante a época Tang (618-907d. C.) que o país atingiu a maior dimensão territorial de toda a sua história. Seguiram-se a Época Sung (960-1279), a dinastia Ming (1368-1644) e o período Qing ou Manchu, que correspondeu à última dinastia imperial (1644-1911).

Caracterizada pela serenidade e permanência das formas expressivas e pela rigidez de valores estéticos, a cultura chinesa procurou sempre, através das suas realizações artísticas, a harmonia com o universo. Com a abertura da cultura chinesa ao exterior, verificada durante a dinastia Ching tornou-se evidente, em paralelo com a exportação de artefatos artísticos para todo o mundo ocidental, a apropriação pela China de outras linguagens estéticas.

A arte chinesa é significativa não apenas pela beleza, mas também porque foi a maior fonte de inspiração para todo o Oriente - Japão, Coréia, Tibete,Mongólia, Indochina e Ásia Central. A Europa também deve à China muitos dos seus impulsos artísticos, bem como a introdução de variadas técnicas, principalmente na cerâmica e na tecelagem.

A postura em relação às artes apresentava muitas diferenças entre a China e o Ocidente. O amador erudito, por exemplo, tinha geralmente um status mais elevado do que o profissional, e não havia distinção entre belas-artes e artes aplicadas. Na verdade, a caligrafia na China há muito tempo já era considerada a mais nobre das artes.

Uma típica construção clássica na Cidade proibida.

A pintura era uma forma desenvolvida da caligrafia, e ainda hoje as duas apresentam relações bem próximas. O pintor, em vez de pintar seus quadros em telas ou madeira com tintas a óleo, geralmente trabalhava em seda ou papel com aquarela. Além disso, a vitalidade e o ritmo das pinceladas eram mais importantes que o naturalismo da representação.

O escultor utilizava pedra, madeira ou bronze, mas algumas vezes modelava ou revestia suas obras com laca, uma forma de arte originária da China. A porcelana também foi fabricada pela primeira vez na China, mais de mil anos antes que o segredo de sua manufatura fosse conhecido na Europa, no início do século XVIII. O jade é outro tipo de material associado à China, tendo sido utilizado na confecção de objetos rituais, armas cerimoniais, jóias e pequenas esculturas.

As casas dispõem na maioria das vezes de um só andar, espalhando-se por grandes terrenos, com jardins e pátios entre as várias alas, embora palácios, templos e pagodes sejam mais altos. Os telhados também são construídos sobre portões, pontes, muralhas e monumentos. Vários telhados aparecem muitas vezes uns sobre outros, com os beirais formando graciosas curvas para cima, uma das características mais típicas da arquitetura chinesa.

Depois de um período pré-histórico bastante obscuro, a evolução da arte chinesa pode ser dividida em cinco longos períodos, para os quais, no entanto, não existem limites bem claros. Registros definitivos datam da segunda parte da dinastia Shang (1711 a.C.-1066 a.C.), cujos trabalhos mais importantes são os vasos de bronze para sacrifícios, de formas rígidas e decorados principalmente com motivos animais, de significado religioso.

O segundo período tem início com a unificação da China em 221 a.C., durante a dinastia Qin, com o imperador Shi Huangdi, o construtor da Grande Muralha. Objetos de bronze e jade constituem os mais importantes exemplos da arte deste período; além disso, também foram encontrados vasos de cerâmica vitrificada e figuras em sepulturas.

Um dos acontecimentos mais importantes da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) foi a introdução do budismo, proveniente da Índia e da Ásia Central, uma vez que os templos e mosteiros budistas se tornaram os grandes patrocinadores e guardiões das artes. Os exemplos mais bem preservados são aqueles que, seguindo o modelo indiano, foram escavados nas faces das rochas, decorados com esculturas e afrescos. Estes templos pertencem ao terceiro período da arte chinesa, cujo clímax foi atingido pelas dinastias Sui (581-618) e Tang (618-907). A China foi unificada após um período de invasões e guerra civil, quando todas as artes floresceram.

O século X marca o início do quarto período, que culminou na dinastia Song (960-1279), época em que a arte chinesa atingiu seu apogeu. O grande feito destes séculos foi a transformação da simples pintura de paisagens numa arte maior, muito antes de a Europa ter vislumbrado tal possibilidade. Teve a mesma importância neste período a cerâmica, inigualável tanto pela nobreza da forma quanto pela beleza da decoração.

O último grande período da arte chinesa vai do reinado dos imperadores Ming (1368-1644) até a última dinastia dos Manchu ou Qing (1644-1911). A pintura e a cerâmica mantiveram o alto nível e novas técnicas de fabricação de porcelana foram desenvolvidas, especialmente a pintura azul vitrificada e a utilização de cores esmaltadas sobre a vitrificação.

Notável habilidade também foi demonstrada nos trabalhos de escultura em marfim e jade, e no esmalte cloisonné (técnica francesa). No século II, uma combinação de influências ocidentais e de outras oriundas da revolução minaram a tradicional arte chinesa.

A revolução comunista de 1949 e a criação da República Popular da China sob a liderança de Mao Tsé-Tung introduziram uma incontornável dimensão política em todas as formas de expressão artística. Os movimentos vanguardistas foram banidos e tachados como "formalismo burguês". Por outro lado, a revolução também propiciou o renascimento de formas artísticas ancestrais e ensinou o povo a valorizar suas tradições no campo das artes, o que resultou em valiosa restauração e descoberta de tesouros artísticos do passado, como o folclore, que foi assumido como valioso produto de exportação e importante fonte de rendimentos.

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