quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Panamericano - Reinaldo Azevedo


02/02/2011
 às 17:51

O cheiro ruim que vem do Panamericano

Algo não fecha na chamada “Operação Panamericano”. Já com o que se sabe, o cheiro é péssimo e afronta o bom senso e a moralidade. E tenho para mim que não sabemos da missa a metade. Falo no próximo post.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 18:03

As estranhezas da Operação Panamericano: o novo empréstimo

A imprensa especializada que está cobrindo a questão do Panamericano parece estar pautada por algum ente estranho à lógica e deixa de fazer, parece-me, algumas perguntas essências. Bem, o resumo é este:
- Descobriu-se um rombo de R$ 2,5 bilhões no banco;
- o Fundo Garantidor — sempre chamado de “privado”; já trato do assunto — cobriu o rombo conhecido com um empréstimo correspondente ao valor;
- em troca, Silvio Santos deu suas empresas como garantia;
- soube-se depois que o rombo, na verdade, era de quase R$ 4 bilhões;
- o mesmo fundo teve de fazer um novo “empréstimo”. Atenção: não se noticiou qual foi a garantia adicional dada por Silvio Santos;
- os banqueiros do fundo toparam dar o dinheiro, mas exigiram que Silvio vendesse o banco
Acompanharam até aqui? Pois bem. Já há um troço que não fecha aqui. Esse novo “empréstimo” de R$ 1,5 bilhão teve qual garantia? Sigo no próximo post.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 18:14

Panamericano: rumo à solução mágica

Àquela altura, o buraco do banco de Silvio Santos era de R$ 4 bilhões, e suas empresas estavam todas empenhadas ao tal fundo garantidor, certo? E era preciso vender o banco — ou liquidá-lo—-, fazendo com que seu controlador arcasse com os custos da operação. Mas eis que uma mágica se deu.
- Silvio Santos fazia jogo duro e ameaçava não vender o banco coisa nenhuma; o BC que o liquidasse;
- muito bem, segundo a versão passada à imprensa e docemente comprada pelos jornalista, se isso acontecesse, para o tal fundo, seria pior, pois:
a) arcaria com os R$ 2,5 bilhões da grana já posta lá;
b) teria de suportar mais 2,2 bilhões para cobrir depósitos de clientes, somando R$ 4,7 bilhões;
- Epa! Está faltando uma coisinha aí: e as empresas de Silvio Santos dadas como garantia? Desapareceram da equação por quê?
- Para evitar o que seria, então, o mal maior, o fundo decidiu fazer o empréstimo; nada de liquidação;
- falou-se até em certo risco de outras instituições financeiras do ramo, que poderiam ser afetadas, etc e tal.
E foi aí que aparece a solução mágica - ao menos para Silvio Santos, como veremos.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 18:25

Milagre do capitalismo jabuticaba - Silvio acordou devendo R$ 4,bi e sem suas empresas; foi dormir sem dívida e com o patrimônio de volta

Num evento inédito na história do capitalismo, o home que está com um espeto de R$ 4 bilhões nas costas impõe a solução a seus credores. Surge um comprador para o Panamericano! Vai assumir tudo, inclusive o buraco? Nada disso!
- o Panamericano é vendido ao BTG Pactual pagou pelas ações do Panamercano R$ 450 milhões, recolhidos o tal FGC (Fundo Garantidor de Crédito);
- e o buraco de R$ 4 bilhões? Bem, Silvio Santos teria feito uma exigência: só faria o negócio se o R$ 450 milhões anulassem a sua dívida de R$ 4 bilhões. E os FGC devolveria as suas empresas dadas como garantia;
- e assim se fez,consta! Isto mesmo! Da noite para o dia, o camelô teria dado um truque no capitalismo brasileiro e em seus competentes banqueiros;
- acordou devendo R$ 4 bilhões e, na prática, sem empresa nenhuma;
- foi dormir e já não devia um tostão e tinha de volta suas empresas, ali avaliadas, então, em R$ 2,5 bilhões;
- nunca antes na história destepaiz se viu algo parecido. E certamente nunca se fez algo parecido - nem aqui nem no mundo. Volto no próximo post.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 18:39

Então o camelô deu um beiço de mais de R$ 3 bilhões nos espertos banqueiros brasileiros?

Muito bem. E onde foi parar o rombo do Panamericano? Segundo consta, no tal FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O pagamento do BTG a Silvio, que repassou os papéis ao Fundo, foi feito em títulos. Se forem honrados agora, a entidade dos banqueiros toma um espeto de R$ 3,35 bilhões. Mas o comprador tem até 2018 para fazê-lo, com juros de 13% ao ano. Se esperar até lá, recolherá ao FGC R$ 3,8 bilhões — o valor que foi emprestado, sim, mas só daqui a quase 20 anos.
Vocês me perdoem o espírito de desconfiança, mas a história é muito suspeita. E realmente não acho que nossos rigorosos banqueiros se deixariam tungar, assim, pelo camelô do crédito de risco. Aqui e ali se falou em “Proer privado”. Não é, não. O Proer liquidou os bancos podres, e seus controladores arcaram com o custo da liquidação. Perderam patrimônio. Agora, vejam que fabuloso!, uma entidade de banqueiros atuou como uma verdadeira Casa da Fraternidade. O que há de errado aí?
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 18:57

Mas o que há de errado nesse imbróglio do Panamericano?

Mas o que há de errado nisso tudo? Vamos ver. Bancos podem ser privados, mas lidam com a fé pública e podem causar estragos aos países. Por isso são uma atividade bastante regulada, que o governo acompanha de perto. Um banqueiro, e Silvio era um — e pouco importa se ficava jogando aviãozinho de R$ 50 para suas colegas de trabalho enquanto seus executivos faziam lambança —, não pode sair por aí dando um pequeno truque de… R$ 4 bilhões. Qual é?
O sistema era tão frágil a ponto de a liquidação do Panamericano ser considerada preocupante? Ora, dizem que não. Se não era, por que o privilégio, ainda que concedido “de banqueiro para banqueiro”.
“O dinheiro do Fundo Garantidor de Crédito é privado, Reinaldo! Banqueiro dá para quem quiser”. É… Bem, eu estou entre aqueles que acreditam firmemente que o custo desse fundo é, de algum modo, repassado ao distinto público. O sistema bancário brasileiro não está entre aqueles que oferecem os serviços mais baratos a seus clientes, não é mesmo? E penso ainda em outra questão, que fica para o próximo post.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 19:26

O Brasil de fato mudou; no governo FHC, banqueiro incompetente quebrava; no governo Lula, recebem socorro de banco oficial

Existe um escândalo de natureza pública, sim, na raiz do que se pretende apenas uma imoralidade entre privados, ainda muito mal explicada: a compra de parte das ações do Panamericano pela Caixa Econômica Federal. Faz pouco mais de um ano, a CEF pagou R$ 739,2 milhões por 49% do capital votante do banco e 20,7% das ações preferenciais. Ou seja: um banco público e seus especialistas torraram uma montanha de dinheiro para comprar um banco quebrado, podre.
Desde logo, estamos diante de uma evidência: se o Banco quebra, o fato arranharia a imagem da CEF, que, até agora, passa incólume por tudo isso, como se tivesse feito um negocião. Assim, a decisão do Fundo Garantidor de Crédito não privilegia apenas Silvio Santos, mas também livra a Caixa de um belo vexame.
O que me pergunto é se os generosos banqueiros brasileiros não estão recebendo pressão vinda de cima, com garantia de compensações, para fazer o que nunca se fez antes na história destepaiz.
O Brasil do lulo-petismo, de fato, é diferente. No tempo de FHC, banqueiros quebravam - inclusive o outro avô de seus netos e um ministro seu. No novo modelo, eles começam recebendo socorro de banco público e terminam livres, leves e soltos, com o bolso cheio de bufunfa, numa operação dita “privada” absolutamente inexplicável e inexplicada.
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 21:31

Ainda o Panamericano e outros riscos

Ainda sobre o Banco Panamericano, comenta aquele meu amigo economista — aquele que outro dia esfarelou o superávit primário de Guido Mantega aqui:
“Se o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) tem menos recursos, significa que há menos garantias para os depositantes. Caso haja uma quebra grande, eles terão uma garantia menor do que teriam se o fundo não tivesse levado um chapéu. Não é, portanto, um custo aparente. Além disso, se houver outro problema, duvido que o FGC vá desempenhar o mesmo papel que desempenhou nesta crise. O próximo banco a quebrar vai cair no colo do… Banco Central!”
Pois é…  Por que o Panamericano mereceu tal privilégio?
Por Reinaldo Azevedo



02/02/2011
 às 21:52

PPS pede convocação de Silvio Santos e presidente do BC para falar sobre Panamericano

No Uol:
O líder do PPS na Câmara dos Deputados, o deputado federal Rubens Bueno (PR), anunciou nesta quinta-feira (2) que irá pedir na próxima semana, em nome de seu partido, a convocação dos presidentes do Banco Central, Alexandre Tombini, da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, do Banco BTG Pactual, André Esteves, e do empresário Silvio Santos para explicarem ao público e ao Congresso Nacional a ajuda da Caixa ao banco PanAmericano e a venda dele ao Pactual.
Bueno afirma que quer entender por que a Caixa investiu em um banco com problemas financeiros e questiona se há alguma relação entre a ajuda do banco ao PanAmericano (agora vendido ao Pactual) e o fato do Pactual ter doado R$ 2,15 milhões para as campanhas eleitorais do PT e da presidente Dilma Rousseff.
“Não estou dizendo que há irregularidades na doação, mas as coincidências se acumulam ao longo do tempo”, afirmou o deputado da oposição.
O Pactual anunciou a compra da totalidade das ações do Grupo Silvio Santos no PanAmericano por R$ 450 milhões no início desta semana. A venda da instituição financeira ocorreu poucos meses depois de ter sido identificada a fraude no banco que resultou em prejuízos de cerca de R$ 4 bilhões.
Por Reinaldo Azevedo

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