quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Chico Buarque inventou o humanismo da estupidez ou a estupidez humanista!

Chico Buarque inventou o humanismo da estupidez ou a estupidez humanista!

02/02/2011

às 14:37

Chico Buarque fala besteira até quando faz mea-culpa e reconhece o óbvio

O sambista Chico Buarque, o colecionador de Jabutis alheios, concedeu uma entrevista gigantesca ao jornal espanhol El País (aqui). Se vocês não lerem tudo, não posso culpá-los. Num dado momento, afirma. Leiam. Volto no post seguinte.

A prioridade [de Lula] era tirar da miséria tanta pessoas quanto possível. Ela continua com Dilma Rousseff. A situação social no Brasil era uma vergonha, tomado pela desigualdade, apesar da riqueza do país. Mas os méritos também vêm dos fundamentos da política econômica, que começou no governo Fernando Henrique Cardoso. Foi a chave, sem o qual não se teria podido avançar. Toda essa transformação se deu segundo as regras do capitalismo para criar a riqueza que deveria ser distribuída. Algumas pessoas de esquerda podem pensar que não foi suficientemente humanista, mas ninguém pode negar que foi o mais Inteligente.

É o que já se demonstrou que funciona em qualquer lugar. Por isso se entende que outras experiências latino-americanas, como as da Venezuela, Equador e Bolívia, são piores…
Hoje nós sabemos. Mas não há que culpar os que imaginaram, no passado — em Cuba, no Chile de Allende ou aqui, como a própria Dilma acreditava —, que a única saída era a revolução. Agora nós sabemos que não.

Por Reinaldo Azevedo

02/02/2011

às 15:24

Chico Buarque inventou o humanismo da estupidez ou a estupidez humanista!

No horário político do PSDB que vai ao amanhã, de que FHC e o grande e merecido destaque, o ex-presidente afirma que sua canção favorita é “Apesar de Você”, do Chico Jabuti. Deve ser verdade. Mas também é conhecido o gosto do tucano pela ironia. Creio que só está no programa porque, aos poucos, vai ficando claro onde está a raiz de algumas importantes conquistas do país, apesar das dificuldades. Apesar de Lula ter tentando lhe tungar a biografia— com o auxílio de tipos como o sambista. Apesar deles todos.

Na entrevista ao El País, Chico Buarque, vejam só!, reconhece que as bases do que há de virtuoso no governo Lula, de que ele foi garoto-propaganda — e também da campanha de Dilma — foram dadas pelo governo passado. Esse não é aquele rapaz que, num encontro de “artistas” viciados em tetas do governo, afirmou que os petistas não eram do tipo que falavam fino com Washington e grosso com Paraguai e Bolívia? Sim, acho que foi ele mesmo.

O mito lulista só se construiu na presunção do “nunca antes na história…”. Sem a cascata do ineditismo, teria sobrado a sua vigarice intelectual, que Chico Buarque, sob o pretexto de reconhecer as virtudes do governo FHC, canta em prosa. Então quer dizer que a gestão tucana foi “a chave” sem a qual não se teria podido avançar? E qual a razão do discurso vigarista ao qual ele próprio aderiu?

Num momento notável da trapaça intelectual, mas muito reveladora de quem é essa gente, afirma o sambista: “Algumas pessoas de esquerda podem pensar que [o governo FHC] não foi suficientemente humanista, mas ninguém pode negar que foi o mais inteligente.” Deixe-me ver se entendi: há momentos na história em que o “mais humanista” não é necessariamente o mais inteligente, é isso? Chico Jabuti está fundando o “humanismo da estupidez” — ou a estupidez humanista. Faz sentido! No país em que ele foi transformado em pensador, isso faz um baita sentido!

Mas ele ainda não havia esgotado seu estoque de bobagens. O repórter do El País, mesmo numa entrevista “encantada”, nota que o cantor se refere a uma obviedade; que fazer o país avançar socialmente segundo as regras do capitalismo é mesmo o mais sensato, e dá os contra-exemplos: Venezuela, Bolívia, Equador… O cantor prefere ignorar as referências da pergunta e se volta para um passado ainda mais remoto das esquerdas: “Hoje nós sabemos. Mas não há que culpar os que imaginaram, no passado - em Cuba, no Chile de Allende ou aqui, como a própria Dilma acreditava -, que a única saída era a revolução. Agora nós sabemos que não.”

Como é? E aqueles que sempre souberam que “não” e que pagaram e pagam, em reputação ao menos, um preço muito alto por isso? E aqueles que foram vítimas — só em Cuba, que Chico sempre apoiou, são 100 mil mortos — do sonho desses visionários. Como bom esquerdista, do gênero chique, ele não dá a menor pelota. Se um esquerdista matar alguns milhares por causa de seu “humanismo pouco inteligente”, qual é o problema?

A cara-de-pau dessa gente é um troço sem limites. Uma banda deles — ou bando — está ensaiando um movimento de união das duas pontas da história, de que Lula, o próprio, teria sido apenas um hiato necessário. O Apedeuta volta em breve. Egocêntrico como é, vai tentar acabar com esse momento de sinceridade de seus amigos, que decidiram reconhecer méritos a quem tem. E Lula não pode conviver com a verdade, ainda que tardia.

Por Reinaldo Azevedo

02/02/2011

às 15:48

O jornalismo e a mentira consolidada

Um partido exerce, de fato, a hegemonia política quando, entre outras coisas, suas mentiras são admitidas como verdades inquestionáveis. No Estadão Online, o jornalista Jair Stangler — parece ser editor assistente de Política — comenta a entrevista de Chico Buarque (ver posts abaixo) ao jornal espanhol El País. E crava lá:
“Desde 1989, no entanto, Chico sempre apoio Lula e o PT nas campanhas pela presidência, inclusive em 1994 e 1998, contra o próprio FHC. O cantor tornou-se crítico da política neoliberal adotada pelo tucano.”

Viram? Stangler dá de barato que FHC adotou uma “política neoliberal”. Ele e outros que sustentam a mesma batatada deveriam escrever um livro demonstrando algumas das características do “neoliberalismo” de FHC, a começar da então criticada política de câmbio administrado. Realmente, nada poderia ser mais “neoliberal” do que isso… Que eu saiba, os “neoliberais” sempre preferiram o flutuante.

Na vigência do “neoliberalismo” de FHC, o salário mínimo teve aumento real de 43%, expandiu-se enormemente a rede de assistência social, praticamente se universalizou o acesso à educação fundamental, milhões de pessoas saíram da miséria em razão do fim da inflação, houve um aumento do ganho médio dos salários que ainda não foi igualado… Nem eu acho que o neoliberalismo realiza tais prodígios. O livro provocaria uma verdadeira revolução intelectual e conceitual. Acabaria a má fama do neoliberalismo.

Ah, é verdade… Fizeram-se privatizações. A da telefonia garantiu, por exemplo, que existam hoje mais telefones do que brasileiros. O neoliberalismo também é excelente para distribuir serviços.

Como se nota, ainda que Chico Buarque faça o mea-culpa, o jornalismo não faz. O Estadão deveria escrever um editorial sobre a herança “neoliberal” de FHC.

Por Reinaldo Azevedo

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