quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A HORA E A VEZ DE UM PARTIDO CONSERVADOR

Quinta-feira, Fevereiro 10, 2011

A HORA E A VEZ DE UM PARTIDO CONSERVADOR

A Folha de São Paulo publica nesta quinta-feira editorial cujo título diz tudo sobre a linha editorial do jornal: 'O partido de Kassab'. É evidente que a Folha de São Paulo é um jornal que tenta ser isento e imparcial, mas se guia pelos cânones do esquerdismo. A foto principal da capa da edição desta quinta-feira é eloqüente, destacando Lula com a pegajosa legenda, informando sobre a primeira viagem lulística na condição de ex-presidente. A foto, como poderão constatar, é preparada meticulosamente.
É claro como água que a movimentação de Kassab e de boa parte do DEM já incomoda meio mundo. Isto porque não se circunscreve apenas a São Paulo mas tem dimensão nacional e impacto direto na montagem do tabuleiro do xadrez político eleitoral de 2014.
Ao contrário do editorial da Folha que transcrevo após esta minha análise não vejo as articulações de Gilberto Kassab uma manobra personalista. O prefeito paulistano é a mais importante nova liderança política que apareceu no Brasil na última década e suas pretensões como político são legítimas. E digo mais, o Brasil nunca precisou tanto de lideres políticos do corte de Kassab que reúne afortunadamente o exercício da política com a competência administrativa.
É portanto um quadro para postular qualquer cargo eletivo.
É cedo ainda para antever o resultado dessa movimentação que parece neste momento fragilizar a oposição, mas que lá na frente pode significar o fim do ciclo do poder petista.
Discordo também do editorial da Folha quando afirma que a criação de um novo partido de centro-direita seria acrescentar apenas mais uma agremiação à miríade de nanicos que hoje servem aos interesses do PT.
A última eleição presidencial deu à Oposição 44 milhões de votos e a posicionou à frente dos principais Estados brasileiros, aqueles que produzem e que de fato cevam o PIB nacional. Entretanto, esses votos em sua grande maioria não são partidários, mas representam quase a metade do eleitorado votante que não concorda com a forma de condução do país pelo caminho do esquerdismo petista
Há, portanto, um notável contingente do eleitorado brasileiro que espera por uma agremiação de viés conservador, aque assuma posições claras no que tange à política e não se intimide perante a malta esquerdista e que lhe dê permanente combate.
Não há nenhuma grande democracia no planeta que não possua um partido conservador, sem detrimento da existência de partidos mais ou menos ao centro e à esquerda. A ausência de uma agremiação conservadora faz com que se rompa o ponto de equilíbrio político e ideológico necessário à democracia e isso tem causado um prejuízo tremendo ao Brasil.
Portanto, este episódio de aparente conflagração nas hostes da oposição é absolutamente oportuno e abre espaço para a criação de um novo partido comprometido com as bandeiras conservadoras, no estilo de seus congêneres nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, na Inglaterra e em todos os países que cultivam a verdadeira democracia e a estabilidade política e institucional.
Diferentemente do que apregoa o editorial da Folha ao qual me refiro neste artigo, na eventualidade de se concretizar um novo partido de molde conservador sua constituição contaria com significativa parcela  não só do DEM, mas também do PSDB e do PMDB. Não seria apenas mais um conglomerado de interesseiros, ainda que possa sê-lo e só futuro confirmará qualquer conjetura.
Os 44 milhões de eleitores que votaram na Oposição para a Presidência da República, podem crer, aguardam ansiosos que isso aconteça.
Como diz o velho adágio, o cavalo está passando encilhado, troteando devagar, mas segue sem parar.
A seguir transcrevo o editorial da Folha de São Paulo que tenta de todas as formas evitar que aconteça aquilo que acima expus. O título resume a opereta: 'O Partido de Kassab'. Leiam:
O futuro político de Gilberto Kassab já se transformou numa novela. Seu desfecho, por ora, é incerto, mas o enredo repetitivo começa a se tornar desgastante para a imagem do protagonista.

A permanência do prefeito paulistano no DEM é muito improvável. Tida como a hipótese mais plausível, sua mudança para o PMDB o deixaria vulnerável à perda do mandato caso o Congresso não aprove a janela da infidelidade que autorizaria, por um período, a troca de partido. Como os julgamentos desses casos são demorados, seria menos uma ameaça para o próprio prefeito do que para os deputados que se elegeram em 2010 e devem acompanhá-lo.


Além disso, optando pelo PMDB, Kassab terá de se equilibrar -ou talvez decidir- entre a lealdade a José Serra, o padrinho tucano com quem não pretende romper, e os interesses de sua nova legenda, sócia do governo federal petista. A ideia de que, no PMDB, Kassab seria meio serrista e meio dilmista parece insustentável e já é criticada pelos dois lados.


Diante dessas dificuldades, ganha força no círculo kassabista a intenção de criar um novo partido -o PDB (ou Partido da Democracia Brasileira). Seria uma forma de driblar o risco legal e o constrangimento político que a migração de legenda representa.


Essa é, ainda, apenas uma entre tantas hipóteses, mas cabe perguntar sobre a natureza e relevância dessa agremiação, mais uma a se juntar às 27 atualmente registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) -das quais 22 têm ao menos um representante no Congresso Nacional.


O próprio Kassab, conforme reportagem desta Folha revelou, veria no hipotético PDB uma legenda de transição -um trampolim para, mais adiante, aliar-se a alguma outra sigla na tentativa de formar um partido de centro-direita.


Com muita benevolência, esse roteiro poderia ser visto como o início de uma reorganização do campo oposicionista, desestruturado pela força do lulismo.


Parece, entretanto, mais realista considerá-lo o ensaio de uma manobra personalista, na qual o novo partido serviria antes a interesses de ocasião do que a demandas da sociedade -sintoma típico de um sistema político-partidário ainda frouxo e invertebrado.

http://aluizioamorim.blogspot.com/

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